16 de abril de 2024

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Brasil e o dilema ambiental

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Por Cássio Faeddo

Do seu jeito peculiar, o presidente vem jogando pesado na frente ambiental. Será mesmo que o presidente desejaria o fim do ecossistema, dos povos indígenas e das florestas?

Em recente declaração o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o Brasil está de braços abertos para países que queiram explorar, em parceria, a biodiversidade na Amazônia. Do seu jeito peculiar, o presidente vem jogando pesado na frente ambiental. Será mesmo que o presidente desejaria o fim do ecossistema, dos povos indígenas e das florestas?

Certamente não. O que Bolsonaro prepara é o início da cobrança da fatura ambiental dos países do primeiro mundo.

Durante séculos as reservas naturais brasileiras foram fonte de exploração dos colonizadores europeus, fauna, flora, minérios, especialmente ouro.

Os europeus querem respirar e sabem que os extremos climáticos indicam que nada vai bem. Estamos todos no mesmo barco. Inclusive no que se refere aos danos econômicos que este desequilíbrio traz ao mundo.

Porém, quando o Ministro Ernesto Araújo nega o aquecimento global afirmando que esteve em Roma e que não havia onda de frio, na verdade deseja provocar uma insegurança global tamanha que possa favorecer o valor que o mundo deve pagar pelas florestas brasileiras.

Mas parece que a pressão vem causando efeitos colaterais. Em uma teoria quase cinematográfica, circula a  teoria do professor de Relações Internacionais da Universidade de Harvard, Stephen M. Walt. Em resumo, o professor afirma que em 2025 a Amazônia será invadida para a salvação da humanidade. Todavia, sabemos que invasão não ocorrerá sem a destruição da própria floresta, mais viável é pagar pela conservação desta.

Em uma visão mais realista, a pressão exercida sobre o Brasil, principalmente pelos países da União Europeia, vem tendo amplo destaque no noticiário internacional, como visto recentemente em reportagem da The Economist cuja capa traz a bandeira do Brasil em relevo gravado em uma árvore recém derrubada, em companhia de tantas outras cortadas em uma floresta devastada.

Em artigo publicado no início de julho, Christine Lagarde, hoje diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), ao comentar o que aprendemos com a crise de 2008 coloca a questão ambiental como um dos problemas que podem desencadear uma nova crise econômica.

Não há dúvidas que a pressão é imensa.

Ora, o Brasil possui alguns ativos importantíssimos, dentre tantos outros, essenciais para a existência humana e estabilidade econômica: água, terras férteis e petróleo.

A água é necessária, sem dúvida, para o consumo humano, mas também para a irrigação de terras e sobrevivência dos animais no âmbito da agropecuária.

Petróleo, dentre outros fins, é matriz energética de usinas que geram eletricidade nas tomadas europeias para o carro elétrico e também para aquecer os lares europeus no inverno.

Terras férteis produzem alimentos para a produção agrícola que sustenta cerca de oitocentos milhões de trabalhadores chineses. Como a economia chinesa crescerá sem alimentar seus trabalhadores e sua população?

Assim, em um quadro de pressão internacional, caberá ao Brasil negociar valores compatíveis com o que lhe é pedido em âmbito global. O Brasil tem muito a ganhar, basta habilidade para tal.

 

Dr Cássio Faeddo
Advogado. Mestre em Direitos Fundamentais, MBA em Relações Internacionais – FGV SP.

 

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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