5 de dezembro de 2024

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As incertezas do futuro

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Por Losivanio Luiz de Lorenzi

 

Tenho que admitir que o agro nunca esteve tão em alta como agora com tantas propagandas e várias músicas a seu favor. Vejo que é importante salientar algumas considerações, pois o agro é tudo aquilo que alimenta o mundo. Isso é tão real que é só olharmos a guerra que estamos vivendo pela alta demanda de alimentos mundial. Nessa disputa por alimentos o Brasil está sendo a bola da vez, estamos batendo todos os recordes na exportação de grãos e carnes, mas agora vamos separar essas duas questões.

 

O agronegócio grãos está faturando como nunca e nossos produtores precisam para continuar crescendo e sobrevivendo na atividade, pois num passado não muito distante, amargaram muitos prejuízos. Por outro lado, com este alto custo de produção, o agro proteínas animais está se deteriorando a cada dia, colocando em risco num futuro muito próximo o abastecimento destas importantes proteínas. Quando comparamos o bolso do consumidor, não tem mais como aumentar o preço nas gôndolas dos supermercados. Do contrário, quando comparamos o custo de produção com o bolso do produtor, estamos tendo um prejuízo de 30% para comercializar nossos animais.

 

A pergunta é porque isso está acontecendo com a suinocultura? Nos últimos anos, tivemos muitos incentivos para o aumento de produção, principalmente para as cooperativas e agroindústrias que conseguiram boas linhas de financiamentos e nossos produtores com o espírito empreendedor, transformaram sua propriedade em uma fábrica de excelência. Nesse modelo de integração ou cooperativismo, existe uma garantia de rentabilidade, embora muito pequena em momentos de crise, mas os produtores conseguem sobreviver.

 

Por outro lado, as mini integrações e produtores independentes, que não conseguem recursos a longo prazo, nem tem os benefícios de isenção de impostos pela importação de grãos, acabam sofrendo todas essas intempéries de mercado, fazendo com que muitos deles, nesses momentos desistem da atividade, deixando de produzir um bem maior que é o alimento. Isso traz uma preocupação muito grande, porque esses produtores independentes fazem uma grande diferença na produção regional ou estadual para estes frigoríficos que não trabalham no modelo integrado. Nesta pandemia o consumo de carne caiu 14% e atingiu o menor nível dos últimos 25 anos, isso mostra a perda de poder de compra dos nossos consumidores. Essa situação não vai se reverter tão logo, pois a vacinação em massa vai demorar e esta pandemia vai longe ainda para terminar.

 

Por outro lado, as exportações que estão indo muito bem, está focada num único comprador que é a China, onde mais de 50%, vai para aquele mercado, o que traz um risco muito grande para toda a economia catarinense e brasileira, pois se pararem de comprar qualquer percentual, sentiremos ainda amis a crise na atividade. Nossa política que poderia ser mais proativa, analisar cenários e mudar esta realidade, só pensa em reeleição e se manter no poder, esquecendo que o verdadeiro poder emana do povo. Nós quando sociedade temos que estar mais presentes e atentos a tudo que acontece ao nosso redor, pois vemos cada vez mais apadrinhamento político de pessoas que não conseguem dar conta do recado no cargo assumido, trazendo um prejuízo social e econômico para nosso povo.

 

Cada vez mais temos que buscar representantes que conheçam da área onde atuam para continuarmos a crescer na produção, mas com rentabilidade e sustentabilidade ao nosso produtor, pois vem do meio rural tudo que precisamos para sobreviver, além de produzir alimentos, preservam o meio ambiente. Pensem nisso.

 

 

Losivanio Luiz de Lorenzi

 

Natural de Orleans (Santa Catarina), suinocultor desde a década de 80, graduado em Agronegócio, presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Gestor do Fundo de Sanidade Animal em parceria com o Sindicarne, fundador e presidente da Cooperativa Agroindustrial dos Suinocultores Catarinenses (Coasc).

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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