24 de abril de 2024

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Após 11 anos, número de mortes de indígenas alcançou recorde em 2019

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O número mais que triplicou quando comparado com o período do ano que antecedeu

 

O ano de 2019 foi marcado por grandes mudanças no Brasil. O início de um novo governo, desastres ambientais e uma crescente luta pela conquista de uma maior humanização das minorias são algumas delas.

 

Com o início de um novo ano e uma nova década, dados das consequências dessas mudanças começam a ser divulgados, e muitos deles não são positivos. Um exemplo disso é a quantidade recorde de assassinatos de líderes de grupos indígenas em conflitos do campo.

 

 

Mortes de ativistas e pessoas indígenas

 

Enquanto em 2018 houveram duas mortes de líderes de grupos indígenas em conflitos pela terra, em 2019, esse número subiu para sete — mais que o triplo quando comparado ao do ano anterior.

 

Em um único final de semana, o primeiro de dezembro de 2019, foram três mortes. O primeiro crime aconteceu em Manaus (AM): um ativista da etnia Tuyuka foi agredido a pauladas e morreu no hospital. Os outros dois ocorram em Jenipapo dos Vieiras (MA), num atentado ocorrido no dia 7, quando dois ativistas guajajara foram mortos, e outros dois ficaram feridos.

 

Os dados são de um relatório parcial divulgado pela Comissão Pastoral da Terra, a CPT, mas ainda são preliminares. Os números oficiais serão divulgados em abril.

 

O relatório final vai ainda contabilizar os assassinatos de pessoas indígenas que não são líderes de suas comunidades. Tudo indica que também haverá aumento em relação aos números dos anos anteriores.

 

Entre 2017 e 2018 já haviam dados que indicavam esse aumento quando considerados indivíduos, líderes ou não líderes indígenas. De acordo com um levantamento do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), em relação a esses anos, o crescimento foi de 20%: em 2018, foram contabilizadas 135 mortes, em 2017, 110.

 

Assassinato como estratégia

 

Segundo o membro da coordenação nacional da Comissão Pastoral da Terra, Paulo César Moreira, a violência contra esses povos e suas terras é agenciada pelo próprio Estado, sendo uma violência institucionalizada que é muito presente nos conflitos de campo.

 

Em matéria divulgada pelo portal de notícias G1, Paulo Moreira evidencia que essas agressões são uma instrumentalização de um pensamento de que os povos indígenas não têm direitos e devem ser eliminados.

 

Os assassinatos que aconteceram no Maranhão, por exemplo, são resultado do envio da Força Nacional a terras indígenas no estado. A medida foi autorizada pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, tendo publicação no Diário Oficial da União.

 

Paulo ainda destaca que existe uma estratégia por trás dos assassinatos: a de enfraquecer a comunidade como um todo. A morte de um líder diminui a atuação de um grupo e o enfraquece.

 

Assassinato de líder Guajajara

 

Uma evidência disso é a morte de Paulo Paulino Guajajara, em novembro do ano passado. Ele foi assassinado no conflito da Terra Indígena Araribóia, no Maranhão. O território é composto pelas etnias indígenas Ka’apor, Guajajaras e Awá-Guajás. Juntas, as tribos fazem parte de um grupo chamado Guardiões da Floresta.

 

Há muitas décadas, as terras indígenas do Maranhão vêm sendo alvo de invasões, em especial as organizadas por madeireiros e grileiros. Por isso, desde 2012, os Guardiões da Floresta se empenham em proteger a região por conta própria. Formado por, aproximadamente, 180 pessoas indígenas, realizam ações noturnas contra os potenciais invasores.

 

O objetivo principal dos Guardiões da Floresta é proteger a natureza contra incêndios e invasões. A morte de um líder envolvido nessas atividades contribui para a desarticulação do grupo.

 

 

 

 

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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