1 de maio de 2024

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ANÁLISE: A eleição de Lula e seus possíveis impactos econômicos no Brasil

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

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Comentário de Thomas Haugaard, gerente de portfólio do time de Dívida de Mercados Emergentes de Moeda Forte da Janus Henderson

  • Com a posse do presidente Lula e a nomeação de todos os cargos importantes em seu gabinete, nossa atenção agora se volta para a governança e as políticas. Esperamos que Lula e seu governo sejam forçados a ser mais moderados devido ao Congresso de direita, mas isso provavelmente implicará em muito barulho político, já que Lula pressionará por seus ambiciosos planos sociais que prometeu durante sua campanha presidencial. Com pouco espaço para gastos adicionais sem comprometer a credibilidade fiscal, Lula e seu governo devem testar algumas restrições de mercado (o que poderá gerar uma reação negativa do mercado, que já aconteceu em certa medida) ou algumas restrições sociais (ocasionando uma possível agitação social) nos próximos anos. Esperamos que a formulação de políticas permaneça extremamente desafiadora, pois a necessidade de ortodoxia fiscal continuará enquanto as demandas sociais forem altas. Esperamos que o novo governo siga políticas que serão um empecilho ao risco de crédito soberano.
  • Nossa principal preocupação no curto e médio prazo é a situação fiscal e o desenho de uma nova estrutura/âncora fiscal. Embora a ambiciosa proposta inicial de isenção de teto de gastos tenha sido significativamente diluída pelo Congresso, a proposta original do novo governo foi bastante agressiva, sinalizando menos prudência fiscal que pode aparecer de várias maneiras, causando alguns danos à credibilidade fiscal. A capacidade do Brasil de reter a credibilidade fiscal é nosso foco principal nos próximos anos e implica que vemos mais risco negativo para o risco de crédito soberano do que positivo.
  • Outras reformas também estão claramente sendo reconsideradas pelo novo governo, incluindo a reforma trabalhista de Temer e a reforma da previdência de Bolsonaro. Embora as mudanças nessas reformas sejam limitadas pelo Congresso, elas podem ter implicações importantes para a economia e para o caminho fiscal. De forma mais ampla, o retorno a um modelo de desenvolvimento econômico liderado pelo Estado também é uma das nossas principais preocupações no longo prazo, pois isso pode levar o Brasil de volta a um estado de crescimento abaixo da média, o que tornará a situação fiscal ainda mais difícil de administrar.
  • Esperamos que a incerteza permaneça elevada à medida que Lula tenta navegar em uma situação fiscal muito mais frágil em meio a uma economia em desaceleração, onde o ambiente externo parece mais hostil (desaceleração do crescimento global), enquanto o ambiente político doméstico é desafiador (Congresso mais conservador) e restrições sociais são claramente muito rígidas (seguindo a pandemia e uma sociedade polarizada após uma eleição muito apertada).
  • Claramente, a atual equipe econômica é mais política do que a comandada por Guedes. Portanto, esperamos que o processo de formulação de políticas seja menos claro para os mercados financeiros, uma vez que a formulação de políticas carece de um fio ideológico claro e o Congresso apoiará menos a agenda política do governo Lula de forma mais ampla.
  • Do lado positivo, esperamos que Lula avance nas agendas verde e social, algo que irá melhorar o perfil ESG para o Brasil. Lula defende o desmatamento zero e objetivos ambientais ambiciosos.
  • Pontos a monitorar:
    • Como será a relação de trabalho entre o governo e o novo Congresso direitista que toma posse a partir de 1º de fevereiro?
    • A reforma tributária está claramente no topo da agenda e provavelmente ouviremos algumas conversas iniciais sobre isso, mesmo que uma proposta mais firme provavelmente demore até abril-maio para surgir.
(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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