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A banalização do calendário municipal e a falta de critério técnico na Câmara

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Opinião | Por Dennis Moraes

 

Nos últimos tempos, tornou-se frequente a apresentação de propostas para inclusão de eventos no calendário oficial de Santa Bárbara d’Oeste por parte de alguns vereadores que, infelizmente, demonstram desconhecimento técnico e falta de sensibilidade com a cultura local. Essas iniciativas, muitas vezes travestidas de valorização cultural, na prática revelam uma preocupante falta de critério, planejamento e responsabilidade legislativa.

O calendário oficial de uma cidade não deve ser tratado como um simples “quadro de avisos”. Ele representa um instrumento institucional de fortalecimento da identidade cultural, econômica e social do município. Para que um evento mereça tal reconhecimento, é necessário muito mais do que ter sido realizado uma única vez ou ter atraído alguma visibilidade momentânea. É preciso histórico, continuidade, envolvimento da comunidade, geração de impacto positivo e, principalmente, origem naquilo que se constrói dentro da cidade.

O que se vê, no entanto, é o completo oposto. Propostas são protocoladas sem qualquer estudo, consulta a conselhos culturais ou audiências públicas. Muitos vereadores sequer se preocupam em saber quem organiza os eventos, se são de fato produzidos por pessoas ou coletivos barbarenses, se têm propósito de permanência ou se são apenas ações pontuais. Há, inclusive, projetos aprovados sem qualquer comprovação de vínculo com a cidade.

Essa pressa em carimbar datas e dar status oficial a eventos sem raízes em Santa Bárbara enfraquece o próprio valor do calendário. E mais: revela a superficialidade com que parte do Legislativo encara sua função. Em vez de se preocupar com políticas públicas estruturantes para a cultura, com financiamento a artistas locais, com manutenção de espaços culturais, preferem os gestos fáceis, que rendem manchetes e curtidas, mas que pouco ou nada contribuem para o legado da cidade.

É preciso resgatar a seriedade da atividade parlamentar. Legislar não é apenas assinar moções, dar nomes a ruas ou oficializar datas. É, antes de tudo, compreender a cidade em sua essência, ouvir quem a constrói diariamente — artistas, produtores, educadores, comerciantes, moradores — e propor ações com base em dados, escuta e responsabilidade.

A cultura de Santa Bárbara d’Oeste é rica, viva, pulsante. Mas ela não precisa de paternalismo institucional. Precisa de respeito, apoio técnico e investimento sério. Cabe aos vereadores se atualizarem, estudarem, e — sobretudo — compreenderem que representar o povo barbarense é um compromisso com a verdade e com a história da cidade, não com oportunismos legislativos.

Chega de maquiagem cultural. Que o calendário oficial do município volte a ser tratado com o valor que merece.

Dennis Moraes é Comendador outorgado pela Câmara Brasileira de Cultura, Jornalista, Feirante e Diretor de Jornalismo do SB24Horas. Acesse: dennismoraes.com.br

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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