Por Nislândia Evangelista, professora de Psicopedagogia na UNIASSELVI
A adolescência é um território complexo, marcado por transformações intensas. Muitos pais e responsáveis sentem-se perdidos, interpretando o distanciamento dos jovens como uma rejeição. No entanto, é crucial compreender que este afastamento é um movimento natural de busca por identidade e autonomia. O desafio, então, não é impedir esse processo, mas criar novas formas de conexão que respeitem esta fase.
A teoria do apego, revisada para esta etapa, nos mostra que o vínculo seguro construído na infância é a base para que o adolescente explore o mundo. Ele não precisa de menos conexão, mas de uma conexão diferente. Fortalecer esse laço exige substituir o controle pela curiosidade genuína. Em vez de interrogatórios, experimente conversas laterais: durante um trajeto de carro, ao preparar uma refeição juntos. Esses momentos informais, sem pressão, abrem espaço para que ele compartilhe seus pensamentos.
A escuta ativa é a ferramenta mais poderosa. Significa ouvir para compreender, e não para responder ou julgar. Validar seus sentimentos, mesmo quando parecem irracionais, é fundamental. Frases como “deve ser difícil” ou “entendo que você se sinta assim” demonstram empatia e fortalecem a confiança. É criar um porto seguro onde ele sabe que pode atracar sem ser censurado.
Por fim, estabelecer limites claros e consistentes é um ato de amor, não de opressão. O adolescente anseia por autonomia, mas ainda precisa da estrutura fornecida pelos adultos. Participar da negociação dessas regras, explicando os “porquês”, o torna corresponsável pelo combinado. Isso promove respeito mútuo e ensina sobre responsabilidade.
Ressignificar a proximidade na adolescência é entender que estar próximo não é sufocar, e sim estar disponível. É construir uma presença tranquila que diz: “Estou aqui quando você precisar, do jeito que você precisar”. Essa é a base para um relacionamento que não apenas sobrevive, mas floresce para além da juventude.
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