Pesquisa Genial/Quaest mostra estabilidade na aprovação do governo Lula e percepção dividida sobre economia e rumos do país

A nova rodada da pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta terça-feira (7), aponta que a avaliação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se mantém estável em relação aos levantamentos anteriores, com um cenário de polarização consolidada entre apoiadores e críticos. O levantamento nacional revela que o governo mantém índices regulares de aprovação, mas enfrenta desafios de percepção econômica e política, especialmente entre eleitores de perfil mais conservador e de renda mais alta.

De acordo com a pesquisa, o trabalho do presidente Lula é aprovado por pouco mais da metade dos brasileiros, enquanto cerca de quatro em cada dez entrevistados dizem desaprovar a condução do governo. A aprovação é mais expressiva entre beneficiários do Bolsa Família, eleitores de esquerda e centro-esquerda, e moradores do Nordeste, região que historicamente sustenta os maiores índices de apoio ao petista.

Entre os grupos que mais desaprovam o governo estão os eleitores identificados com a direita e bolsonaristas declarados, especialmente das regiões Sul e Centro-Oeste.

A pesquisa também mediu a percepção geral sobre o desempenho do governo: a maioria dos entrevistados considera que o governo está “igual ao que esperava”, enquanto uma parcela menor acredita que ele está “pior do que o esperado”. Apenas uma minoria avalia que Lula superou as expectativas desde que reassumiu a Presidência.

O estudo da Genial/Quaest indica que a situação econômica continua sendo um dos principais pontos de preocupação da população. Cerca de metade dos entrevistados acredita que o país não melhorou economicamente nos últimos 12 meses, e uma parcela significativa aponta que o poder de compra está menor do que no ano anterior.

O aumento dos preços dos alimentos segue como a principal queixa dos brasileiros. Já a percepção sobre o mercado de trabalho apresenta leve melhora: mais pessoas dizem acreditar que está “um pouco mais fácil” conseguir emprego do que há um ano.

Em relação às expectativas para os próximos 12 meses, prevalece um sentimento de cautela: a maioria espera que a economia fique do mesmo jeito, enquanto apenas um terço acredita em melhora significativa.

Quando questionados sobre os rumos do Brasil, a maioria dos entrevistados afirma que o país está indo na direção errada, número que reflete o descontentamento com a lentidão da recuperação econômica e o custo de vida.

As principais preocupações apontadas pelos brasileiros continuam sendo:

• Inflação e aumento de preços dos alimentos,

• Desemprego e renda,

• Violência e segurança pública,

• Corrupção e instabilidade política.

Esses temas permanecem como o eixo central da insatisfação de parte do eleitorado, principalmente entre os mais jovens e moradores das regiões Sul e Sudeste.

Comunicação, imagem e o fator Trump

A pesquisa também avaliou a repercussão do encontro entre Lula e o ex-presidente americano Donald Trump, ocorrido durante a Assembleia da ONU. Apesar da grande cobertura da imprensa, boa parte dos entrevistados afirmou não ter tomado conhecimento do episódio.

Entre os que souberam do encontro, a maioria considerou que Lula saiu “mais forte” politicamente, especialmente entre os eleitores mais moderados. O estudo mostra ainda que as notícias negativas sobre o governo continuam sendo predominantes nas redes sociais e nos meios de comunicação, o que influencia diretamente a percepção de parte da opinião pública.

Outro ponto abordado foi a proposta de reforma do Imposto de Renda. A maioria dos brasileiros apoia a isenção para quem ganha até R$ 5 mil, mas também defende o aumento da taxação sobre os mais ricos, sinalizando apoio popular à proposta de progressividade tributária.

Sobre o debate em torno da anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro, a pesquisa indica rejeição à ideia de perdão total, mas maior receptividade ao projeto de “dosimetria”, que prevê redução das penas sem anistia completa.