Com sintomas semelhantes, doenças conhecidas como parkinsonismos requerem tratamentos e medicamentos diversos para a reabilitação.
Mesmo depois de quase 200 anos da identificação pelo médico londrino James Parkinson, o diagnóstico da doença de Parkinson ainda é bastante desafiador. Por conta da semelhança dos sintomas no início do quadro com outras enfermidades, conhecidas como parkinsonismos, os pacientes podem ser erroneamente diagnosticados com Parkinson, o que requer atenção de todo o time de especialistas envolvido na reabilitação.
Segundo Henrique Ballalai, professor livre-docente de Neurologia e chefe do setor de distúrbios de movimento da Escola Paulista de Medicina, cerca de 30% dos casos diagnosticados como Parkinson acabam sendo identificados posteriormente como outras doenças. “Se o paciente está sendo visto pela primeira vez com apenas alguns meses do início dos sintomas, a chance de se suspeitar de Parkinson e errar é até mais alta, chegando a 40% ou 50%.”
“Na fase inicial das doenças, ainda hoje não é raro que haja necessidade de rever o diagnóstico para avaliar os tratamentos mais eficazes”, diz.
Ballalai foi um dos participantes de ontem do painel de abertura do 1º Reabilita Parkinson, congresso que trata da reabilitação da doença de Parkinson e de outros distúrbios de movimento do ponto de vista multidisciplinar. Também participaram do painel o neurologista João Carlos Papaterra Limongi e a fonoaudióloga Roberta Busch, com moderação da neurologista Mariana Moscovich.
Segundo ele, o diagnóstico preciso é fundamental, porque o uso de Levodopa, ainda hoje o medicamento mais usado para tratamento de Parkinson, por exemplo, não é eficiente nos demais parkinsonismos. O mesmo se aplica a outros medicamentos e tecnologias.
A doença de Parkinson é caracterizada pela degeneração progressiva dos neurônios produtores de dopamina – uma substância relacionada com o controle sobre os movimentos do nosso corpo. Os principais sintomas são tremor de repouso, rigidez muscular, lentidão e alteração de postura e equilíbrio.
A fonoaudióloga e presidente do congresso, Roberta Busch, tratou da importância de se conhecer a fisiopatologia para o tratamento adequado do paciente. “É necessário que se tenha conhecimento sobre a fisiopatologia e além disso, também é importante avaliar todos os aspectos correlacionados e só depois disso, definir o processo de terapia que vai ser mais adequado para o paciente.”
Segundo Papaterra, neurologista do Grupo de Distúrbios do Movimento do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, alterações na deglutição e na comunicação são alguns dos sintomas mais presentes e com impactos mais importantes na vida diária dos pacientes. A disfagia e as disartrias, estão presentes principalmente na fase avançada. O especialista também reforçou, em seu discurso, a importância de se conhecer a fisiopatologia antes da definição da terapia mais assertiva para cada indivíduo.
“O plano de terapia para cada paciente está totalmente vinculado ao fechamento do diagnóstico adequado e à avaliação de todos os aspectos correlacionados.”
Reabilita Parkinson
Em sua primeira edição, o “Reabilita Parkinson” reúne especialistas de diferentes áreas de atuação para discutir a reabilitação de pacientes com Parkinson e distúrbios de movimento. O evento pode ser acompanhado por profissionais de saúde, estudantes, familiares e pacientes que tenham interesse no tema.
Mais de 30 especialistas, entre médicos, fonoaudiólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos e terapeutas ocupacionais, estarão juntos também nos dias 22 e 29 de junho e 1 de julho, para debater a reabilitação de pacientes com Parkinson e outros distúrbios de movimento.
Durante os encontros, o público terá acesso a informações sobre a doença que vão desde as bases do diagnóstico até os cuidados paliativos, além das principais tendências como novos medicamentos e tecnologias aplicadas para o tratamento cirúrgico.
O congresso é totalmente online e as inscrições podem ser feitas pelo site. Todas as palestras ficam disponíveis até 5 de agosto. Além dos 12 painéis do congresso, os participantes também podem acessar os conteúdos apresentados nos painéis de discussão do pré-congresso.
Mais informações sobre a programação e os palestrantes, podem ser acessadas pelo link: https://reabilitaparkinson.curseduca.pro/events/reabilitaparkinson.
Para assistir o congresso, fale com a gente
fontes disponíveis para entrevista
Henrique Ballalai Ferraz
professor livre-docente de Neurologia e chefe do setor de distúrbios de movimento da Escola Paulista de Medicina.
João Carlos Papaterra Limongi
Doutor em Neurologia pela Universidade de São Paulo e neurologista do Grupo de Distúrbios do Movimento do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Membro Titular da Academia Brasileira de Neurologia.
Mariana Moscovich
Neurologista com treinamento em distúrbios de movimento na Universidade da Flórida (EUA) e doutorado em ciências da Saúde na Universidade Federal do Paraná. Professora assistente no Departamento de Neurologia da Universidade da Flórida. Autora do livro “Descobrindo a doença de Parkinson”. Membro titular da Academia brasileira de neurologia.
Roberta Busch
Mestre em Neurociências pela UNIFESP-EPM; sócia-diretora do CAAD (Centro de Atendimento Avançado em Disfagia) e professora do Instituto CRIAP, Porto, Lisboa
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