28 de março de 2024

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Ser voluntário da Copa do Mundo pode ser um diferencial competitivo?

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Até pouco tempo atrás, o voluntariado estava ligado apenas a algumas poucas ações pessoais e grupos religiosos. Este cenário mudou muito e a maior parte deste tipo de trabalho agora é feita por empresas, que além de doar dinheiro, tempo e conhecimento, também veem a iniciativa com bons olhos. Por isso, é bom aproveitar a experiência obtida no trabalho voluntário, incluir no currículo e alavancar a chance de contratação.

Integrantes do programa Brasil Voluntário, convidados para atuar durante a Copa do Mundo da Fifa 2014 no país, chegaram a ser criticados nas mídias sociais e em protestos realizados antes do evento. O fato é que houve mais de 150 mil inscrições para apenas 14 mil vagas. Afinal, aqueles que oferecem seu tempo e energia sem retorno financeiro fizeram uma grande besteira?

Embora possa haver divergência nas formas de atuar e nas causas a apoiar, os profissionais de RH consideram que a atividade voluntária, em qualquer trabalho, contribui para uma preparação prática do uso da criatividade e rapidez para lidar com os impasses diários. Consideram, ainda, que as pessoas que praticam o voluntariado são mais generosas, comprometidas e capazes de compartilhar, qualidade admiradas no mercado de trabalho moderno.

A especialista em desenvolvimento organizacional da IBE-FGV, Rita Ritz, avalia que os processos seletivos hoje em dia são mais holísticos e sistêmicos, ou seja, não verificam apenas a questão técnica do candidato, mas também analisam a questão comportamental, que é onde se enquadra o voluntariado. “É claro que se o trabalho voluntário for feito na área de atuação do candidato, isto implicará um ganho na vivência da competência técnica. Mas o que se avalia neste quesito é a questão comportamental. E nesta análise mais holística da contemporaneidade, os recrutadores estão interessados e preocupados em perceber qual é o comportamento que eles estão trazendo para dentro da empresa”, avalia.

Segundo ela, os profissionais de RH querem ver além das questões técnicas. “O que eles buscam é uma pessoa que compartilha? É uma pessoa que é simpática ao outro, que sabe se colocar no lugar do outro antes de tomar uma decisão? Enfim, quem é esta pessoa que está se candidatando a ser um colega de trabalho, um futuro companheiro do dia a dia? Isto importa tanto ou mais que somente a questão técnica”.

A especialista da IBE-FGV também explica que, atualmente, mapear aqueles candidatos que fazem algum tipo de trabalho voluntário tem feito parte do processo seletivo e as empresas que valorizam isto, com certeza, vão apreciar este tipo de experiência. “Estas pessoas podem sim, indiretamente, colher frutos deste comportamento. Talvez não diretamente, financeiramente, mas num futuro momento de competição quando isto for considerada uma variável importante”, pondera.

Rita Ritz destaca, ainda, as compensações intangíveis para o voluntariado. “Quem se voluntaria a um trabalho, o faz pelo prazer que tem em troca desta realização. Então esta também é uma forma de recompensa. E eu diria que, em alguns casos, é mais importante que a recompensa financeira”.

Por isso mesmo, esses perfis são bem vistos pelos recrutadores. “Geralmente porque apontam alguém que tem e pratica a generosidade, o compartilhamento. São comportamentos importantes nos dias de hoje para o trabalho em equipe. São pessoas comprometidas com uma causa e que dedicam uma parte daquilo que têm de mais precioso, o seu tempo, em prol de algo que tem como objetivo principal, o outro”, destaca.

O trabalho voluntário na Copa do Mundo poderá proporcionar experiências diferenciadas no contato com pessoas de todas as partes do mundo. E essa convivência diária em um megaevento extremamente complexo e cheio de regras pode revelar virtudes e lapidar outras como: flexibilidade, empatia, comprometimento, eficácia e eficiência, além de muita paciência. “Isto, sem dúvida, traz aprendizados carregados de emoções que ficarão impregnados na vivência da pessoa e desenvolve esses comportamentos que são importantes para as empresas, além de ampliar a rede de relacionamentos, o que também pode ser um capital valorado nas empresas”, diz Rita.

Ter se voluntariado para a Copa pode ser um diferencial, mas dependerá também do perfil da função almejada e da empresa contratante. “Sugiro que se coloque até para registrar o conhecimento, a experiência vivenciada como voluntário da Copa, mas deve-se ter em mente que somente um bom currículo não adiantará, se na frente do recrutador o profissional se contradisser e se revelar diferente daquilo que se espera de um pessoa voluntária”, conclui.

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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