28 de março de 2024

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São Paulo e Brasília são as cidades mais caras do Brasil, aponta BC

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Nordeste, por outro lado, tem o menor custo de vida, 14% inferior ao da média nacional (Piton/A Cidade/Futura Press)

 

A capital paulista e a capital federal possuem preços 9% e 15% superiores a média nacional, respectivamente

São Paulo e Brasília disputam o posto de cidade mais cara do Brasil. Comparando o custo de vida com o restante do país, a capital paulista e a capital federal possuem preços 9% e 15% superiores a média nacional, respectivamente. Os cálculos são parte de um estudo do Banco Central (BC) que projeta que serão necessários 25 anos para a região metropolitana de São Paulo recuar para o preço médio verificado na média do país.

O Nordeste, em contraponto, tem o menor custo de vida, 14% inferior ao da média nacional. No entanto, essa diferença começa a diminuir. Com o avanço econômico da região Nordeste nos últimos anos e a maior demanda por produtos e serviços, os preços desses itens passaram a subir, mas o processo ainda é lento: serão necessários 89 anos para que a região atinja o custo de vida médio do Brasil.

No Norte, esse prazo de convergência é ainda maior: 119 anos. O estudo do BC destaca ainda que, das cinco grandes regiões brasileiras, três estão ficando mais caras (Norte, Nordeste e Sul), uma está ficando mais barata (Sudeste) e uma está estável (Centro-Oeste), sem perspectiva de cair para a média nacional.

De acordo com economistas, os dados do Banco Central evidenciam, além das diferenças regionais de níveis de preço, que as desigualdades brasileiras persistem. A despeito de avanços, sobretudo depois da expansão do grupo que se convencionou chamar de nova classe média, e de programas de distribuição de renda, as regiões onde são verificados os menores custos de vida ainda estão associadas com os menores salários e os piores níveis de bem estar social, com exceção do Sul.

“Essa diferença de preços se explica pelas diferenças históricas e pelo mercado de trabalho regional”, afirma Vagner Alves, economista da gestora de recursos Franklin Templeton. “No caso de São Paulo, o custo da mão de obra é o que puxa os níveis de preço, assim como em Brasília.”

Disparidade – Segundo a pesquisa, o maior nível de qualidade de vida está no Sul. Para Alves, isso se explica porque a região tem patamar de preços 4% menor que a média nacional e, ao mesmo tempo, baixa taxa de desemprego. “Consequentemente o Sul também detém uma das rendas mais elevadas”, observa Alves. “Se comparar São Paulo com Porto Alegre, não há diferença no preço de serviços; essa disparidade pode ser observada, no entanto, nos preços de bens e nos preços administrados, segmentos nos quais a inflação paulista é maior”, argumenta.

O Norte e o Nordeste, por outro lado, têm os menores níveis de bem estar, mas se aproximam gradualmente das outras áreas do país. Para o economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fábio Bentes, houve um processo entre 2003 e 2012 no qual o custo de vida mais baixo ajudou a impulsionar a renda e o poder aquisitivo. Na visão de Bentes, porém, esse processo perdeu força a partir de 2013. “Nas regiões mais pobres, a pressão maior vem dos preços dos alimentos”, afirma ele.

Tabelas – O diretor do Grupo 5 sec Brasil, Sérgio de Souza Carvalho Júnior, explica que a rede de franquias de lavanderias trabalha com quatro tabelas diferentes para que os preços sejam adequados à realidade local. “Em Alagoas o pessoal trabalha com tabela zero, a mais barata. Isso porque a concorrência lá ainda é contra a lavadeira de rio”, relata Carvalho. “A gente tem de estar antenado para respeitar as necessidades de cada micro região. Dentro da Grande São Paulo, eu tenho cinco grupos de lojas e o pessoal trabalha nas tabelas 1, 2 e 3″, acrescenta.

Segundo ele, a diferença de preços entre uma tabela e outra é de 12% a 15%.”Varia de acordo com o poder aquisitivo da população de cada cidade e local.”

Na opinião do economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz, a política de salário mínimo fez com que o consumidor, sobretudo em regiões pobres como Norte e Nordeste, incorporasse hábitos no cotidiano que passaram a estimular a inflação. “A gente observa, quando faz os indicadores de preço, que os custos são maiores em regiões como Sudeste e Centro-Oeste, mas os índices não mostram tão claramente, como faz essa pesquisa do Banco Central, as diferenças regionais de preço”, pondera.

Carestia – Um levantamento informal feito sobre o custo da alimentação nas proximidades de prédios do Banco Central, em diferentes regiões, ilustra os dados da pesquisa da própria entidade. Nas proximidades da sede do BC, em Brasília, o preço do prato feito, por exemplo, que é um produto comum a todas as regiões brasileiras, é 12 reais, o mais elevado entre as cidades observadas. Entre o ano passado e 2014, o preço desse prato foi reajustado em 20%.

Já em Recife, o custo do prato feito – conhecido em várias regiões como PF – foi reajustado em 28,57% entre um ano e outro, mas, mesmo assim, na cidade ele sai por 9 reais.

(com Estadão Conteúdo)

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