Por Camila Costa O desenvolvimento da Indústria 4.0 no Brasil envolve alguns desafios. Evolução, principalmente, quando o assunto é conectividade e velocidade de internet. Investimento em equipamentos que incorporem as novas tecnologias; adaptação de processos e das formas de relacionamento entre empresas ao longo da cadeia produtiva. Entretanto, segundo especialistas, nenhum deles será maior do que construir competência humana. Ou seja, conseguir preparar as empresas e os profissionais para estarem inseridos nesse contexto: tecnológico, multifacetário e digital.
E apesar de envolver desafios mais complexos, como a adaptação de layouts; a criação de novas especialidades e desenvolvimento de competências, a solução passará pela qualificação, como aponta o diretor-nacional de Operação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Gustavo Leal. “O primeiro desafio é preparar o jovem para essa nova realidade. E o segundo desafio, que talvez seja maior do que o primeiro, é que nós temos um volume muito grande de pessoas adultas, trabalhadoras, que também vão precisar se requalificar para continuar incluído nessa nova onda produtiva”, pondera. A aposta do setor produtivo é fomentar o debate em cima da educação voltada para o ensino técnico como forma de alavancar a educação e aumentar a competitividade das empresas no país. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) entregou aos candidatos à presidência da República um documento que apresenta as principais recomendações para melhorar a educação nos próximos quatro anos. O estudo, Propostas da Indústria para as eleições 2018 – Indústria 4.0 e Digitalização da Economia, apresenta 43 cadernos temáticos com medidas objetivas para melhorar as condições produtivas no Brasil e estimular o crescimento sustentado da economia. Confira aqui.
“Temos desafio na gestão desde a forma como a empresa se prepara para fazer essa transformação industrial. Temos cada vez mais uma integração entre a área de TI das empresas e a área industrial. Isso que antigamente era um pouco mais separado, você tinha ali a área industrial e a áreas de TI como espécies de suporte, hoje em dia, está muito fundido. Porque todas essas tecnologias estão dentro da linha de produção. Então, isso obviamente coloca um desafio para as empresas da forma de se organizar. Ela, obviamente, vai depender de cada empresa, a cultura da empresa. Mas não é mais como funcionava antigamente”, alerta o gerente.
Cursos técnicos no âmbito do SENAI pretendem preparar tanto as empresas como os profissionais para essa revolução. São cursos dentro da teoria de big data e internet das coisas que envolvem tecnologia da informação. O professor da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em inovação, tecnologia e recursos, Antônio Isidro da Silva Filho, chama atenção para uma necessidade de haver políticas públicas efetivas para o desenvolvimento de uma nova matriz educacional. “Então, hoje nós temos oportunidades profissionais para cargos e funções que utilizam tecnologia digitais, mas temos escassez de mão de obra qualificada para essas funções. Isso sinaliza que se tivermos política pública de educação profissional, educação tecnológica, para que isso gere oferta de mais mão de obra, a tendência é que possa aumentar a produtividade do país”, observa. Digitalização da economia
Segundo o especialista em Finanças e Tecnologia Edemilson Paraná, em todos os momentos de desenvolvimento tecnológico, nas revoluções industriais anteriores, houve uma preocupação com a diminuição de postos de trabalho, mesmo verificando o surgimento de novos postos de trabalho ligados às novas oportunidades. A preocupação no momento atual também passa por essa questão, ainda segundo ele, mas deve ir além. “Claro que investir em formação, em capacitação, em desenvolvimento tecnológico, instituições de ensino e capacitação para essa força de trabalho, para que ela se adeque a esse novo ambiente, e possa, eventualmente, produzir novas soluções, novos setores econômicos e novos ramos, inclusive, novos produtos, que venham a produzir mais empregos, isso sem dúvida alguma é uma condição fundamental e infelizmente não é o que a gente tem observado no Brasil como um todo”, afirma Paraná.
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Qualificar mão de obra é um dos maiores desafios do Brasil para desenvolvimento da indústria 4.0
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