28 de março de 2024

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Preconceito e falta de estrutura ainda atrapalham ascensão feminina nas organizações

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Segundo estudo realizado pela FGV, percentual de mulheres em cargos de liderança praticamente não mudou em 15 anos

RitaRitzA proporção de mulheres em cargos executivos de companhias instaladas no Brasil é de apenas de 8%. Apesar da sensação de avanço nos últimos anos, ocasionado principalmente pelo sucesso de algumas mulheres em cargos de alto escalão, nos últimos 15 anos esse percentual praticamente não mudou, segundo dados de um estudo feito pelo Grupo de Pesquisas de Direito e Gênero da Escola de Direito da FGV (Fundação Getúlio Vargas), em São Paulo.

O preconceito ainda desponta como um dos principais motivos pela fraca presença feminina nas diretorias das empresas, seguido da falta de estrutura institucional oferecida (creches, babás, maior licença maternidade) pela empresa. As companhias têm falhado na hora de dar condições para que as mulheres consigam administrar a vida profissional e, simultaneamente, a pessoal. Esse panorama se agrava quando o assunto é a união entre carreira, filhos e família.

Para a especialista em desenvolvimento organizacional da IBE-FGV, Rita Ritz, as empresas brasileiras não têm um olhar que facilite o acesso da mulher, principalmente, a cargos de gestão por várias razões. “Ainda existe um mundo machista nas organizações. Os homens, na sua maioria, não consideram as mulheres como outros homens quando se trata de cargos de gestão. Alguns as julgam incapazes de tomar decisões mais agressivas, rápidas ou que envolvam variáveis financeiras, o que não se verifica na prática. As pessoas têm qualidades que deveriam ser consideradas a partir de suas formações, vivências e aprendizados, e não de seu sexo. Isto é um limitante e muito antigo, mas que ainda prevalece”, avalia.

Segundo o estudo, de 1997 a 2012, cerca de 48% das companhias brasileiras não apresentaram ao menos uma mulher em seu conselho de administração e 66,5% não tinham sequer uma pessoa do sexo feminino na diretoria executiva. A pesquisa foi realizada a partir da análise de mais de 73 mil cargos de 837 diferentes empresas de capital aberto no país.

Para Rita, o estudo revela uma difícil realidade vivida pelas mulheres no mercado de trabalho, pois, além de terem que enfrentar barreiras do mundo corporativo, elas ainda precisam vencer, na maioria dos casos, a falta de apoio da família e do parceiro na missão de conciliar a vida pessoal com a profissional. “É uma conjuntura que não favorece o exercício dos dois papeis. Cada vez mais estas mulheres não contam com a retaguarda da família para ajudar no cuidado com os filhos e também não contam com estrutura adequada oferecida pelo Estado, como creches e escolas. Ademais, as empresas poderiam contar, por exemplo, com incentivos tributários para oferecer uma jornada parcial de trabalho, de quatro ou seis horas. O papel do governo nesta questão é fundamental, pois sem incentivos as empresas não conseguem empreender estas adequações”, aponta.

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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