28 de março de 2024

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Imunoterapia é arma poderosa contra o câncer de cabeça e pescoço

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Aprovado pela Anvisa, tratamento estimula o sistema imune a combater as células tumorais e apresenta, comprovadamente, maior tempo de sobrevida

O câncer de cabeça e pescoço abrange todos os tumores que têm origem na boca (cavidade oral), nariz (nasofaringe, cavidade nasal e seios paranasais), garganta (orofaringe, hipofaringe, laringe) e nas glândulas salivares. Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) revelam que para o Brasil estimam-se 11.200 casos novos de câncer da cavidade oral em homens e 3.500 em mulheres para cada ano do biênio 2018-2019.  Esses valores correspondem a um risco estimado de 10,86 casos novos a cada 100 mil homens, ocupando a quinta posição; e de 3,28 para cada 100 mil mulheres, sendo o 12º mais frequente entre todos os cânceres.

A novidade no tratamento desta doença foi a aprovação da imunoterapia pela ANVISA em dezembro de 2017.  “Estes medicamentos estimulam o sistema imune a combater o câncer. Sua ação ocorre por bloquear a inibição das células de defesa (linfócitos), permitindo assim que estas reconheçam e destruam o tumor. A imunoterapia aprovada foi o Nivolumabe, indicada para pacientes que apresentam progressão do câncer durante ou após o tratamento com quimioterapia inicial à base de platina. O estudo que possibilitou a aprovação desta medicação demostrou aumento de tempo de vida dos pacientes em dois meses”, comemora o oncologista clínico David Pinheiro Cunha, do Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e Hematologia, de Campinas, interior de São Paulo.

Tornam-se cada vez mais evidentes, segundo o médico, os avanços no tratamento do câncer de cabeça e pescoço. Eles têm permitido maiores chances de cura, preservando a funcionalidade dos órgãos e melhorando a qualidade de vida dos pacientes. “O tratamento dependente de variáveis como localização e tamanho do tumor, presença de metástases, desejo do paciente e acesso às técnicas disponíveis. A cirurgia e a radioterapia são as opções de tratamento do tumor em fase inicial. Já em tumores maiores ou com disseminação para os linfonodos do pescoço, pode ser associada à quimioterapia. Em relação ao paciente que apresenta tumor com recidiva ou metástases, o tratamento é realizado com quimioterapia isolada ou associada a um anticorpo chamado cetuximabe. Essa combinação permitiu o aumento no tempo de vida dos pacientes comparada à quimioterapia isolada”, explica o médico.

O oncologista comenta que a estratégia de tratamento não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). “Disponível no setor privado desde 2006, após aprovação pela ANVISA, essa estratégia não está acessível no SUS. Apesar do nosso desejo de sempre fornecer o melhor tratamento para todos os pacientes, infelizmente, em um sistema com recursos financeiros limitados a incorporação de todos os medicamentos não é factível”, afirma especialista.

Prevenção: ainda a melhor arma

O oncologista David Pinheiro da Cunha aponta que apesar de toda evolução no tratamento do câncer de cabeça e pescoço a melhor estratégia continua sendo a não exposição aos fatores de risco, mantendo um estilo de vida saudável e com acompanhamento médico para um possível diagnóstico precoce. Atentar-se para feridas na boca que não cicatrizam, dor ou irritação persistente da boca ou garganta, placas avermelhadas ou esbranquiçadas que duram mais de três semanas, alteração da voz ou dificuldade de deglutir”, afirma o oncologista.

Fatores de riscos

O fato de o homem ser mais acometido está diretamente relacionado à exposição aos fatores de risco, sendo o tabagismo o principal deles. O hábito de fumar pode aumentar o risco de desenvolver o câncer em 5 a 25 vezes comparado aos não tabagistas. O segundo fator mais importante é o alcoolismo, aumentando o risco em até seis vezes comparado aos que não bebem. Há ainda, a dieta pobre em nutrientes, a exposição ocupacional a produtos químicos como petróleo, plásticos, amianto, síndromes genéticas e, também, o HPV (Papiloma Vírus Humano).

“Diferentemente dos outros fatores de risco citados, o HPV é responsável por câncer em pacientes mais jovens e sem hábito de tabagismo ou alcoolismo, mas relacionado com exposição sexual. Sabemos que tumores relacionados à infecção pelo vírus apresentam uma melhor resposta ao tratamento, mas a melhor notícia é que a vacinação contra o HPV protege contra esse tipo de câncer”, afirma o médico.

Podem receber a vacina gratuitamente nas unidades básicas de saúde, meninas de 9 a 14 anos, meninos de 11 a 14 anos, pessoas com HIV/Aids, bem como pacientes oncológicos e transplantados de 9 a 26 anos. Homens e mulheres com mais de 15 anos também podem se proteger. Para este grupo, as vacinas estão disponíveis em clínicas privadas. Entretanto, fora da faixa etária de licenciamento das vacinas, fica ao critério médico.

Sobre o Grupo SOnHe

O Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e Hematologia, é formado por oncologistas e hematologista que fazem o atendimento oncológico humanizado e multidisciplinar no Hospital Vera Cruz, Hospital Santa Tereza e Instituto do Radium, três importantes centros de tratamento de câncer em Campinas. A equipe oferece excelência no cuidado oncológico e na produção de conhecimento de forma ética, científica e humanitária, por meio de uma equipe inovadora e sempre comprometida com o ser humano. O SOnHe é formado pelos oncologistas: André Deeke Sasse, David Pinheiro Cunha, Vinicius Correa da Conceição, Vivian Castro Antunes de Vasconcelos, Adolfo Scherr, Rafael Luiz, Fernanda Proa Ferreira e pela hematologista Melina Veiga Rodrigues.

David Pinheiro Cunha formado em oncologia clínica pela Unicamp, realizou estágio no serviço de oncologia e pesquisa clínica em Northwestern Medicine Developmental Therapeutics Institute, Chicago, Illinois, EUA; membro titular da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO). Oncologista no Hospital da PUC- Campinas, onde desenvolve supervisão dos residentes.  Como membro do Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e Hematologia, David é oncologista do Hospital Vera Cruz, no Instituto Radium de Campinas e do Hospital Santa Tereza.

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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