O QUE SABEMOS ATÉ O MOMENTO?
Passados alguns meses do pânico midiático do Zika vírus e microcefalia, algumas pesquisas já evoluíram e nos permitem tirar algumas conclusões.
A primeira delas é que aparentemente é verdade. O vírus parece ser capaz de acometer os bebês na gravidez e levar a graves alterações neurológicas. Entretanto, não são todas as mulheres infectadas pelo vírus que terão seus bebês acometidos. Estudo recente mostrou que apenas 30% das gestantes infectadas tiveram seus bebês com alguma alteração.
Sobre a sua distribuição, a região Nordeste é a mais acometida. Alguns focos foram notificados em outras regiões, como a sudeste, mas com um número muito menor de casos.
Infelizmente não há uma previsão em curto prazo de uma vacina contra o Zika.
Enfim uma notícia animadora. Em recente e brilhante aula da Dra. Denise Pedreira (Albert Einstein e USP-SP), ela alerta que o número de casos de microcefalias está reduzindo. Acredita que seja fruto de todo alerta e cuidados comportamentais das gestantes, como uso de repelentes e métodos de barreira.
Dra. Denise foi uma das pioneiras em alarmar a população sobre esta epidemia e no final do ano passado chegou a recomendar para que as mulheres não engravidassem. Porém foi enfática em afirmar que na atual situação, ponderando os riscos de adiar uma gravidez, as mulheres já podem voltar a tentar engravidar.
Por tudo isso, hoje recomendo para minhas pacientes:
– Não adiar o sonho da gestação, sobretudo as mulheres com mais de 30 anos.
– Se engravidar, utilizar repelentes e roupas para proteção pessoal de picadas.
– Não realizar viagens para o nordeste durante a gestação.
– Cuidados domiciliares contra a proliferação do mosquito.
Lembro que a ciência e os estudos estão ainda engatinhando sobre esta nova doença e suas repercussões na gestação. Mas estou de olho, e qualquer novidade, escrevo para vocês.
Dr. Davi Buttros – Médico Especialista em Reprodução Humana. Formado pela PUC-SP, residência e mestrado pela UNESP-BOTUCATU. Aprimoramento em Reprodução Assistida na Universidade de Harvard-EUA e no Fertility Center Hamburg – Alemanha