29 de março de 2024

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Euforia e desespero pelo resgate de R$ 8 bilhões

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Encontrar uma nota de dinheiro perdida no fundo do bolso daquela roupa esquecida no canto costuma fazer a alegria de muita gente. Nem sempre precisa ser uma quantia expressiva. Muitas vezes bastam R$ 50,00 para dar um colorido a mais no dia. A sensação de ganhar ou recuperar um dinheirinho sem muito esforço, e que não estava sendo esperado, é empolgante.

Esse entusiasmo ajuda a explicar a corrida dos brasileiros para consultar o sistema disponibilizado pelo Banco Central (BC) que indica se pessoas ou empresas têm algum valor para receber de bancos e instituições financeiras. A procura foi tão grande que logo depois do anúncio a página disponibilizada para fazer a consulta começou a apresentar instabilidade. No dia seguinte à divulgação já estava fora do ar.

A estimativa do Banco Central é que cerca de R$ 8 bilhões sejam devolvidos aos brasileiros. Só na primeira fase de resgate, quando devem ser devolvidos R$ 3,9 bilhões, cerca de 24 milhões de pessoas físicas ou jurídicas serão contempladas.

Os valores são referentes a contas (correntes ou poupanças) que foram encerradas ainda com saldo disponível, tarifas ou parcelas de operações de crédito cobradas indevidamente, recursos não procurados relativos a grupos de consórcio encerrados, entre outros. Para saber se tem direito a alguma devolução e o valor a receber, é necessário entrar na página do Banco Central e consultar o sistema Registrato, na aba “Valores a Receber”.

A desesperadora situação financeira em que se encontra grande parte dos brasileiros também ajuda a explicar a disparada de acessos no site do Banco Central. O nível de endividamento médio das famílias brasileiras, em 2021, foi o maior em 11 anos. O ano passado apresentou um recorde do total de endividados, com uma média de 70,9% das famílias brasileiras. Isso significa que 7 em cada 10 famílias contraíram algum tipo de dívida com o sistema financeiro em 2021. Os dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Para quem faz parte desta estatística, acordar com a notícia de que R$ 8 bilhões esquecidos estão ali, à disposição e prontos para serem resgatados, é como encontrar várias notinhas de dinheiro no bolso. É uma expectativa positiva e animadora, mesmo entre os que não sabem se têm algum valor a receber.

O dinheiro e a falta dele são responsáveis por um turbilhão de sensações, agradáveis ou não. Ter as finanças pessoais sob controle é fundamental para evitar os dissabores de uma vida sem dinheiro. A busca pelo equilíbrio financeiro precisa ser uma preocupação constante e exige uma atenção diária. Passa pela educação financeira, exige disciplina e mudança de comportamento. Nem sempre é fácil, mas vale a pena. A euforia de encontrar um dinheiro perdido ou receber uma quantia inesperada é boa, mas não se compara à estabilidade emocional que uma vida financeira sob controle proporciona.

 

Rogério Araújo é gestor e consultor financeiro, especialista em investimentos, fundador da Roar Educacional Consultoria e líder educacional da corretora de investimentos Vítreo

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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