Na teoria, partido político pode ser definido como uma entidade formada pela livre associação de pessoas, com uma ideologia em comum, cujas finalidades são assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e defender os direitos humanos fundamentais. Já na prática, professor de história mostra como no Brasil os partidos são frutos da forma de pensar de quem participa deles e não um espaço necessário para ocupar cargos no poder público.
Nos últimos dias, os noticiários só falam em eleição, tanto a americana, que caminha a passos lentos na apuração dos votos, quanto a brasileira, que será realizada na próxima semana para escolher os prefeitos e os vereadores de mais de 5500 municípios. Mas, inicialmente, é importante entender como os partidos políticos e o quanto eles são essenciais para o processo democrático.
Conforme explica o professor de história, Ueldison Alves de Azevedo, o povo brasileiro “divide a democracia em partidos e não leva em consideração a importância da nomenclatura e do sistema democrático”. Ele lembra que os partidos “são apenas movimentos ideológicos que surgiu apenas no século XIX, quando a sociedade burguesa foi dividida pela camada mais pobre naquilo que chamaremos de primavera dos povos de 1820 – 1848”.
Importante lembrar que o sistema democrático é mais antigo do que esta época, e além disso, não existia partidos políticos para que essa forma governamental fosse colocada em prática. Ueldison lembra que a democracia foi desenvolvida na antiga Grécia por volta do século VI e V A.C com Péricles, após suceder o trono de Sólon. Além disso, ele conceitua que ”a palavra DEMOCRACIA vem do grego DEMO (POVO), CRACIA (PODER) e nesse período não existia a ideia de partidos esquerda, direita, centro e sim exista o patriarcalismo (o homem) exercendo a função de cidadão”. Para que isso ocorresse, ele detalha, “o homem deveria nascer ateniense, ter maior de 18 anos (olhe a nossa democracia para a pessoa poder votar) e precisava estudar até os 35 anos de idade para escolher ser sofista ou filósofo”.
O professor lembra que “sofismo é o que até hoje praticamos. Os sofistas gregos eram os senhores da oratória, eles eram os governantes, aqueles que convencem as pessoas e sua fala distinta, elegante e coerente”, detalha. Ele acrescenta que “os políticos são a essência desse sofismo atual, falam bem, discursam de maneira agradar o cidadão e a todos aqueles que o apoiam, mas com viés ideológico partidário. Isso virou apenas uma consequência da democracia e não ela é a democracia”.
O único a se opor a democracia em Atenas, ressalta o professor de história, foi Platão: “Ao ver seu professor morrer pelas injustiças do povo, mas para além, nenhum sistema político é perfeito, nem justo ou injusto. Isso é uma percepção da sociedade, onde Sócrates apresentou essa moral ao aceitar a ser condenado pelo povo”.
Ueldison Alves lembra que essa reflexão “falta ao povo, que em uma utopia acredita que a democracia só funciona com partidos e tem de ser a dele em especial e não diferente”. Mas é possível observar que esta forma governamental “funciona muito bem sem partidos e ideologias, é apenas uma consequência de escolhas para seus respectivos candidatos e não mais, e isso não traduz o que seja a democracia”, completa.
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