Mas, agora com que roupa? Com que roupa que eu vou pro samba que você me convidou? A música de Noel Rosa, que nem era meu parente, poderia ser minha trilha sonora.
Eu não sei as outras, mas vou dormir pensando na roupa que deverei usar no dia seguinte. E não adianta recomendar: escolher na noite anterior está fora de cogitação, porque tudo depende de como vou acordar, se esfriou ou esquentou, se terei tempo para make up, se, se e se…
Tem dia que acordo me sentindo gorda. Eu sei que engordei, nem precisa comentar. O problema é que como eu realmente estou acima do meu peso de sempre, quase todas as minhas roupas estão justas, muito justas – algumas nem servem mais! Aí o jeito é caprichar no carão para segurar a onda!
Reunião com cliente me deixa tensa. O vestido está curto ou justo? Transparente demais? Muito sério ou informal? Melhor optar pela velha parceria calça social + camisa? Aí penso no que minha diretora vestiria naquela ocasião. E é claro que com a diferença de nível, rs, eu tento imitar.
E nos eventos? A escolha é simples: tem muitas fotos e fotógrafos, não dá para repetir o look. Ou, então, que se lixem os fofoqueiros de plantão e vou com aquele vestidinho preto indefectível de sempre! Ou apelo para “asamigas” e “ascunhadas”, que essas nunca falham e sempre vêm com uma peça feita para mim.
E quando me sinto velha? Esse é o pior. Seja qual for a escolha vou continuar sentindo velha.
Sexta-feira exige menos corporativismo, então sempre quero usar algo que não tenho. Mas, tem dia, bem de vez em quando, que me convenço que estou ótima – na verdade, o trabalho de convencimento é de meu marido que não aguenta mais minhas indecisões pela manhã. Mas, aí fica fácil. Escolho qualquer coisa – mesmo que não esteja lá grande coisa – acho que tá tudo bonito, coloco um salto, batom escuro e saio feliz da vida.
E por mais que eu tente, todos os dias começam do mesmo jeito: com que roupa eu vou?
Por Renata Rosa
Mulheres Ilimitadas