28 de março de 2024

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Câncer de mama tem cura?

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Sucesso do tratamento depende do tipo de tumor e momento do diagnóstico

Todo o câncer de mama é tratável, mas nem todos são curáveis. A depender da fase em que o tumor foi diagnosticado (o que chamamos de estadiamento) o médico ou médica utilizará estratégias diferentes para melhor tratar o paciente. A depender do estadiamento, o foco do tratamento oncológico poderá ser com intuito curativo ou paliativo.

O tratamento com intuito curativo: se aplica quando os tumores estão localizados na mama e até mesmo com metástase axilar (metástase regional), mas que não atingiram outros órgãos (metástase sistêmica).

Nesta circunstância o foco é curar o paciente, e o médico utilizará o tratamento oncológico máximo. Cirurgia é o tratamento principal, no entanto, quimioterapia, hormonoterapia e radioterapia são os tratamentos utilizados a depender do grau de necessidade e da indicação médica (nem todos os pacientes vão precisar de todas as modalidades acima mencionadas de tratamento).

Já o tratamento com intuito paliativo: é a estratégia utilizada para os pacientes que apresentam doença metastática sistêmica (espalhamento pelo sangue das células tumorais originadas da mama para outros órgãos com: ossos, pulmão, pleura, fígado, etc.).

O tratamento sempre terá o objetivo de cuidar bem do ser humano e ofertar a ele o melhor método disponível para que possa ser efetivamente curado, ou para aqueles casos em que a cura não seja possível, que ela possa viver com dignidade e com qualidade de vida pelo maior tempo possível.

Nesta fase dificilmente a doença poderá ser curada efetivamente, mas poderá ser muito bem controlada. Fator muito importante neste tópico é o volume de doença que o paciente tem, ou seja, o grau de contaminação dos órgãos envolvidos (o que chamamos de carga tumoral). Como exemplo citamos: o número de nódulos metastáticos presentes, o tamanho destes nódulos, o número de locais acometidos (fígado isolado; fígado + pulmão; fígado + pulmão + osso) e a condição clínica do paciente. Quanto menor a carga tumoral melhor será o controle deste paciente. Nestes casos, o foco primordial do tratamento é aumentar a sobrevida, reduzir os sintomas (dor, falta de ar, perda de apetite, perda de peso) e melhora/preservar a qualidade de vida dos pacientes.

Ou seja, mesmo para os pacientes com doença em fase metastática sistêmica temos tratamento a oferecer. O foco aqui é cronificar a doença permitindo que a paciente viva o maior tempo e da melhor forma possível.

Quando um câncer está curado?

Este assunto é bastante controverso. Antes havia a ideia do “número mágico” de 5 anos após o tratamento, o que, muitas vezes, esta relacionado com término da hormonoterapia (que em geral dura 5 anos). É verdade que a maioria das recidivas ocorre nos cinco primeiros anos após o tratamento, mas nos dias de hoje entendemos que o tumor de mama pode apresentar recidivas tardias (após cinco ou mesmo 10 anos do tratamento inicial) na dependência do tipo biológico do tumor.

Logo, este número de cinco anos já não pode ser aplicado nos dias de hoje de forma rigorosa, necessitando sim um controle médico periódico por toda a vida, ao menos uma vez ao ano após este período de cinco anos. Reforçamos que este controle médico anual já é o mínimo que uma mulher após os 40 anos de idade necessita realizar com o mastologista/cirurgião oncologista (mesmo sem diagnóstico prévio de câncer) conforme recomendação da Sociedade Brasileira de Mastologia e Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica.

Bem, mas as pacientes não precisam viver com o fantasma da possibilidade de recidiva pela vida toda, uma vez que esse medo impedirá o pleno objetivo do tratamento médico que é que os pacientes vivam bem. O nosso entendimento atual é que o paciente deve se sentir curado logo após o término do tratamento cirúrgico e término da quimioterapia/radioterapia, uma vez que não mais exista evidência de doença. Ou seja, o paciente deve tão logo quanto possível aproveitar toda a plenitude de sua vida já na fase pós-tratamento, e não esperar os 5 anos para começar a aproveitar a vida novamente. Mas deve sempre manter um estreito controle médico.

Caso o tumor retorne algum dia (recidiva), a depender se esta recidiva ocorreu na mama, na axila ou em algum outro órgão, o tratamento seria reiniciado valendo as estratégias de tratamento comentadas no inicio do texto.

O câncer de mama, assim como todos os demais tumores, terá sua maior chance de cura quanto mais precocemente for diagnosticado, ou seja, quanto menor for o tamanho do nódulo mamário no momento do diagnóstico, associado a ausência de metástase nos gânglios da axila e ausência de metástase nos demais órgãos.

Outro critério cada mais vez em destaque é o subtipo do câncer de mama. Nem todos os tumores de mama são iguais. Existem tumorais mais agressivos e tumores menos agressivos, é o que chamamos de comportamento biológico do tumor. Para tumores de comportamento biológico menos agressivo as chances de cura serão maiores, e para aqueles de comportamento biológico mais agressivo as chances de cura serão menores.

Evitando a recidiva

Os principais cuidados para o tumor não voltar (recidiva) consistem em, primordialmente, realizar o tratamento médico correto e adequado (cirurgia, quimioterapia e/ou hormonoterapia, radioterapia, etc) na dependência da indicação médica. Ou seja, é o grau de adesão do paciente ao tratamento oncológico. A paciente não deve abandonar o tratamento no meio, deve se envolver com o tratamento e seguir as recomendações médicas.

Os principais fatores relacionados à redução do risco de recorrência tumoral, associado a realização do tratamento oncológico acima mencionados são:

  • Controle adequado de peso, uma vez que pacientes com obesidade apresentam mais recidivas que pacientes magras
  • Prática de atividade física regular
  • Alimentação adequada
  • Hábitos saudáveis de vida
  • Não utilização de anticoncepcional oral ou de terapia de reposição hormonal
  • Redução ou parada do consumo de bebida alcoólica
  • Redução ou parada do tabagismo.

Chamamos aqui a atenção para a gravidez. A gravidez já foi tida anteriormente como um fator que piorava a sobrevida das pacientes que tiveram câncer de mama, mas hoje em dia já é vista como algo possível e sem piora na sobrevida das pacientes. Para aquelas pacientes que desejam fortemente engravidar após o tratamento do câncer de mama, será necessária uma conversa muito específica com seu médico ou médica para entender o risco primário da doença voltar (baseado no estadiamento inicial) e a suspensão da hormonoterapia para aquelas que estão utilizando esta modalidade de tratamento. Para isso, será necessária uma avaliação multidisciplinar envolvendo mastologia/cirurgião oncologista, oncologista clínico e ginecologista/obstetra.

Em resumo, todas as pacientes são tratáveis e este tratamento irá depender da fase em que o tumor foi diagnosticado. O tratamento sempre terá o objetivo de cuidar bem do ser humano e ofertar a ele o melhor método disponível para que possa ser efetivamente curado, ou para aqueles casos em que a cura não seja possível, que ele possa viver com dignidade e com qualidade de vida pelo maior tempo possível.

Fonte: Minha Vida
(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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