28 de março de 2024

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Câmbio desvalorizado abre espaço para recuperação do setor têxtil

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A desvalorização do real abriu espaço para a recuperação do setor têxtil. A previsão da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) é que as vendas para o exterior cresçam 1,5%, chegando a US$ 1,1 bilhão neste ano, em contraste com a queda de 8,2% registrada em 2015. Mesmo se confirmada a perspectiva de alta, o valor será inferior ao US$ 1,18 bilhão alcançado em 2014. Naquele ano, as exportações do setor caíram 6,7%.

O câmbio deve ainda, segundo as previsões dos empresários, aumentar a procura pelos produtos nacionais em substituição aos artigos importados. A estimativa é de que as importações tenham uma retração de 22,4% em 2016, e a produção têxtil cresça 9%. O faturamento deve chegar a R$ 127 bilhões, ante R$ 121 bilhões em 2015. No ramo do vestuário, a expectativa é de queda de 1,8% na produção deste ano, em um segmento que enfrentou retração de 10% em 2015.

Apesar na melhora do cenário para o setor, o presidente da Abit, Rafael Cervone, avalia que as dificuldades ainda são grandes, inclusive pela queda do consumo no mercado interno. “Vamos ter um primeiro trimestre muito difícil. Isso deve começar a se inverter no segundo semestre”, ressaltou. Cervone destacou que a indústria têxtil tem uma ociosidade significativa, usando apenas 78% da capacidade instalada.

Além disso, Cervone diz que as turbulências políticas dificultam o ambiente de negócios. “Essa crise é mais política do que econômica”, enfatiza. Para ele, somente a desvalorização da moeda não é suficiente para alavancar as vendas para o exterior de forma sustentável, é preciso um trabalho de contínuo tendo em vista o longo prazo. “Exportação não pode ser uma agenda pontual por causa do câmbio”, acrescenta.

O vice-presidente da 2 Rios, Matheus Fagundes, concorda com a avaliação. O fabricante de lingeries, que atua em 20 países, prevê vendas 30% maiores neste ano. Porém, o executivo ressalva que só vai aproveitar o câmbio favorável quem havia investido na estrutura de exportação. Fagundes diz que o trabalho para entrar em um novo mercado pode variar de 2 a 5 anos. “É uma ilusão, porque a gente não sabe até onde esse câmbio vai durar”, pondera sobre as possibilidades de ganho.

Na opinião de Fagundes, é necessário aumentar a competitividade da indústria nacional. “Quando o dólar vai lá no alto, ele maquia a nossa falta e competitividade e até, em algumas vezes, de produtividade”.

Afastado do mercado externo desde 2008, o fabricante de jeans Fábio Américo diz que tem enfrentado dificuldades para encontrar clientes fora do Brasil. “Existe uma falta de confiança dos clientes no exterior”, ressalta. Segundo ele, a volatilidade do cenário econômico brasileiro afasta grandes marcas das empresas nacionais. “As empresas dos Estados Unidos me perguntaram se eu garantia esse mesmo preço para o ano que vem. Me desmontou, não tinha o que dizer”, conta.

Mesmo com a retração que atingiu a maior parte do setor, Américo diz que conseguiu expandir as vendas em 7% no ano passado. “Eu ganhei clientes, fiz um trabalho comercial muito bom”, justifica. No entanto, para 2016, ele espera um ano pior. “Nós estamos tentando, mas está difícil”.

 

 

Agência Brasil

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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