28 de março de 2024

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10 mil acidentes com abelhas causam 40 mortes/ano no Brasil

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Soro antiveneno desenvolvido na Unesp aguarda liberação para testes em humanos

Durante o verão, quando costumam ser registradas altas temperaturas e os temporais são mais frequentes, aumenta a probabilidade de as pessoas sofrerem um acidente que pode ser fatal: ataque de abelhas. Dados do Ministério da Saúde apontam 10 mil casos em 2013 com 40 mortes em todo o Brasil.

O mais recente ataque de abelhas ocorrido em Botucatu foi registrado dia 9 de fevereiro, e um senhor de 80 anos acabou morrendo dois dias após ser picado por aproximadamente 300 abelhas em uma propriedade rural do município. Ele foi prontamente socorrido e levado ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (HCFMB), mas não resistiu à ação do veneno em seu organismo, apesar de ter recebido todos os cuidados avançados de vida na UTI dessa instituição.

Esse cenário poderia ser outro se já estivesse disponível nos hospitais um soro antiveneno, que pode aumentar as chances de a vítima sobreviver a um ataque de abelhas. O produto já está sendo desenvolvido por pesquisadores do Cevap da Unesp de Botucatu em parceria com o Instituto Vital Brazil, de Niterói – RJ, mas ainda aguarda a liberação de dois órgãos regulatórios federais –  Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e CONEP (Comissão Nacional de Pesquisa) – para que sejam iniciados os testes clínicos em seres humanos.

O soro é recebido por via intravenosa. Cerca de 20 mililitros (ml) trazem ao corpo uma quantidade de anticorpos capaz de neutralizar 90% dos problemas causados pelas picadas de abelhas africanizadas, as mais comuns no Brasil. Quando um adulto é picado por mais de 200 insetos, o corpo recebe uma quantidade de veneno suficiente para causar lesões nos rins, fígado e coração, debilitando esses órgãos. A maioria das mortes acontece pela falência dos rins.

Na opinião do médico infectologista e professor da FM/Unesp Alexandre Naime Barbosa, coordenador clínico do Projeto APIS – por meio do qual é desenvolvido o soro antiveneno de abelhas – ao contrário do que acontece em países desenvolvidos, os órgãos regulatórios da pesquisa no Brasil são extremamente burocráticos e pouco eficientes, no que se refere à velocidade de análise e julgamento dos pedidos. “A primeira consequência mais imediata é que essa morosidade excessiva faz com que ensaios clínicos internacionais tenham extrema dificuldade de entrarem no Brasil, porque os países competem entre si para incluir pacientes”, observa.

“O segundo efeito, e mais nefasto em minha opinião, se dá contra a ciência nacional: os poucos pesquisadores brasileiros  que tentam vencer a barreira entre os estudos básicos e aplicados em seres humanos são sufocados e desestimulados em prosseguir, frente à burocracia, falta de organização e de interesse em colaborar com a ciência de nosso país”, lamenta o especialista.

“Abelhas atacam para defender seu ninho”, explica especialista
O médico veterinário e professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Unesp – Câmpus de Botucatu – Ricardo Orsi esclarece que as abelhas africanizadas – espécie que são mais comumente encontradas na região de Botucatu – atacam para proteger seu ninho, seguindo seu “instinto de defesa”.

De acordo com Orsi, não existe um local específico para ocorrerem os ataques de abelhas africanizadas. “Temos abelhas em matas silvestres, além de área urbana e apiários. Os acidentes geralmente acontecem por descuido ou pelo fato de as pessoas não verem a presença de abelhas e entrarem no raio de defesa do enxame.”, observa.

O que fazer em caso de ataque de abelhas?
O especialista orienta que, caso a pessoa comece a receber ferroadas, a melhor coisa é tentar se afastar do local. Caso isso não seja possível, deve-se procurar entrar em um lago ou riacho, procurar se cobrir com um tecido grosso para se proteger das ferroadas ou correr dentro de uma mata em zig-zag para desorientar as abelhas. “Importante é não puxar o ferrão com as mãos, pois o veneno nunca é injetado de única vez no organismo. A musculatura acessória, que faz parte do mecanismo da ferroada, vai pulsando e liberando este veneno aos poucos. Se a pessoa puxar o ferrão, acabará injetando todo o conteúdo em seu organismo. O correto é retirar o ferrão pela base de inserção na pele, com auxílio de uma faca afiada, pinça ou mesmo unha”, salienta.

Leandro Rocha/Assessoria de Comunicação e Imprensa da FM/Botucatu
UnAN – Unesp Agência de Notícias
(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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