29 de março de 2024

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Saiba como funciona o transporte público em cinco grandes cidades do mundo

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Metrô da Cidade do México foi inaugurado cinco anos antes que de SP e tem o triplo de extensão; veja diferenças

Diariamente, mais de 50 milhões de passageiros utilizam transporte público em megacidades como Cidade do México, Nova York, São Paulo, Tóquio e Xangai. Apesar de diferentes densidades populacionais, de sistemas de pagamento de tarifa e de organização do espaço, todos esses importantes polos econômicos discutem formas de facilitar a mobilidade urbana, priorizando o transporte público, uma vez que ele evita congestionamentos, reduz a poluição e o número de acidentes de trânsito.

AP

Mulher entra em ônibus em um ponto de São Paulo (2013)

No Brasil, o debate sobre o transporte público ganhou novo fôlego com protestos reivindicando a redução das tarifas de ônibus e metrô em mais de cem cidades. Além de exigir que o preço da passagem não sofresse reajuste – o que foi atendido em  São Paulo, Rio de Janeiro e em mais dez capitais -, os manifestantes pediram também melhor qualidade, fluidez e transparência nos contratos entre as prefeituras e os governos do Estado com as empresas que oferecem os serviços de transporte público.

São Paulo possui uma das tarifas mais caras do mundo. Segundo estudo comparativo feito pela Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) em 2009, levando-se em conta a renda média da população das cidades e o valor médio das passagens unitárias, um morador de São Paulo conseguia, há quatro anos, comprar uma média de dez bilhetes por mês, número abaixo dos 16 da Cidade do México (México), 53 de Nova York (EUA) e 62 de Tóquio (Japão).

“Se não for a pior, a qualidade ( do transporte em São Paulo ) é uma das piores. Paga-se muito, e o serviço é ruim”, disse ao iG o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV/ SP) Samy Dana, autor de um estudo feito com o economista Leonardo Siqueira de Lima para o jornal Folha de S. Paulo, no qual compara quantos minutos um cidadão em São Paulo deve trabalhar para pagar a passagem de ônibus. O resultado: quase o dobro de um morador de Nova York e mais do triplo que um residente de Pequim, na China.

“Houve uma melhora ( em São Paulo ) com a implantação do Bilhete Único, a transferência livre entre os trilhos. Aconteceu uma série de movimentos que aliviaram essa pressão sobre a tarifa. Ainda assim, é um custo significativo no bolso do usuário”, afirmou Antônio Carlos Moraes, presidente da Comissão de Economia da ANTP.

Diferentemente de São Paulo, Nova York possui integração gratuita entre metrô, trem e ônibus. Apesar de a tarifa unitária ser mais cara que a de São Paulo (US$ 2,75 contra US$ 1,37, segundo a cotação de 27 de junho), o usuário pode economizar comprando bilhetes de uso semanal ou mensal. Em Tóquio, onde a tarifa varia entre US$ 1,63 a US$ 7,16, o valor cobrado é proporcional à distância percorrida e o passageiro também pode pegar metrôs, trens e ônibus de diferentes empresas pagando o mesmo valor.

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Passageiro caminha em estação de metrobus na Cidade do México (2009)

Na Cidade do México, onde a passagem de metrô custa US$ 0,23, o transporte público é controlado, em sua maioria, por empresas estatais, o que é incomum em outras cidades. A tarifa, entretanto, não comporta integrações, tendo o passageiro que pagar o valor unitário toda vez que usa o transporte. Um meio eficiente na cidade é o metrobus, sistema de Bus Rapid Transit (BRT) que combina ônibus articulados, estações e faixas exclusivas de circulação. Na capital mexicana, o metrobus possui quatro linhas e 95 km de extensão.

Como se forma o valor da tarifa em São Paulo?

O preço da tarifa do transporte público é definido por um cálculo complexo. Um primeiro aspecto que deve ser considerado são os custos variáveis (em quilômetros rodados), que se referem ao que é necessário para fazer o veículo andar. No caso do ônibus, por exemplo, seria o gasto com diesel, pneus e lubrificantes.

Um segundo aspecto são os custos fixos gastos no decorrer do tempo (em horas), como salários de motoristas, cobradores, bilheteiros; desvalorização do automóvel; reparo e manutenção de garagens; e despesas administrativas.

Antes de esses dois fatores serem somados, porém, é necessário transformar os custos fixos, dados em horas, por um valor em quilômetros. Esse índice é obtido pela divisão dos custos fixos pelo denominador Percurso Médio Mensal (PMM), que indica quantos quilômetros um veículo consegue rodar no período de um mês.

Após isso, é possível somar os custos variáveis e fixos com os impostos (PIS/ Pasep e Confins), total que então é dividido por cada quilômetro rodado pelo ônibus. Dessa operação aritmética, chega-se ao custo por quilômetro, que é dividido pelo IPK (Índice de Passageiros por Quilômetro).

O preço da tarifa é obtido com esses cálculos e a soma do lucro das empresas de transporte público. A tarifa será mais barata quanto maior for o PMM, ou seja, quanto mais o ônibus conseguir rodar em menos tempo.

“Aqui está o grande problema de São Paulo e de outras cidades. Os congestionamentos reduzem a velocidade e aumentam o tempo de viagem, elevando o custo total e a tarifa”, explicou Moraes. “Uma cidade como São Paulo, que não passou pelos necessários processos de planejamento, tem um custo muito alto, que incide inclusive na tarifa (de transporte).”

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Visitantes passeiam em frente à estação de trem em Xangai, na China (2006)

Como funcionam os principais transportes públicos em cinco grandes cidades?

Cidade do México

Área total da cidade: 1.485 km²

População:  8,8 milhões (20,1 milhões na região metropolitana)

Preço da passagem: US$ 0,23 (metrô) US$ 0,46 (metrobus)

Linhas do metrô (inaugurado em 1969): 226,4 km de extensão, 12 linhas e 195 estações

Número de passageiros do metrô: Média de 7,6 milhões por dia (2011)

Linhas de metrobus: Desde 2005, a maioria dos ônibus e micro-ônibus da Cidade do México foi substituída pelo metrobus, sistema de BRT (Bus Rapid Transit) semelhante à Rede Integrada de Transporte (RIT) de Curitiba (PR). Na capital mexicana, o metrobus tem 95 km de extensão e 4 linhas

Número de passageiros de metrobus: Média de 800 mil por dia (2013)

Características: A maioria das empresas que fornecem o transporte público na Cidade do México é estatal. Há exceções, como o metrobus, que é operado por uma empresa privada e uma pública em conjunto. O passageiro do metrobus deve ter um cartão recarregável para utilizar o transporte, pelo custo de US$ 1,21. Para usar o metrô, esse cartão é opcional, e custa US$ 0,76

Nova York

Área total da cidade: 1.213 km²

População: 8,2 milhões (18,9 milhões na região metropolitana)

Preço da passagem: US$ 2,75 (unitário)

Linhas do metrô (inaugurado em 1904): 369 km de extensão, 24 linhas e 468 estações

Número de passageiros do metrô: Média de 5,4 milhões por dia (2012)

Frota de ônibus: 5.602 (2012) em 15 mil pontos de ônibus

Número de passageiros de ônibus: Média de 2,6 milhões por dia (2012)

Características: Em Nova York, o metrô opera 24 horas por dia, mas nem todos os acessos às estações ficam abertos. Apesar da tarifa da passagem ser de US$ 2,75, o usuário pode adquirir o MetroCard pelo preço de US$ 1, que permite pagar por 7 (US$ 30) ou 30 dias (US$ 112), com uso ilimitado. O usuário pode se cadastrar na internet no sistema EasyPay Xpress e fazer suas recargas online usando o cartão de débito ou de crédito

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Mulher sobe escadas que dão acesso ao metrô de Nova York (2012)

São Paulo

Área total: 1.523 km²

População: 11,3 milhões (20,7 milhões na região metropolitana)

Preço da passagem: R$ 3,00 (US$ 1,37, unitário)

Linhas de metrô (inaugurado em 1974): 74,2 km de extensão, 5 linhas (4 da Companhia do Metropolitano de São Paulo e 1 linha da ViaQuatro), e 64 estações

Número de passageiros do metrô: Média de 3,7 milhões de usuários por dia (2012)

Linhas de trem: 260,8 km de extensão, 6 linhas e 89 estações

Número de passageiros do trem: Média de 2,5 milhões de usuários por dia (2012)

Frota de ônibus: 15.025 (2013) em 19 mil pontos de ônibus e 29 terminais

Número de passageiros de ônibus: Média de 9,7 milhões de usuários (2012)

Características: Em São Paulo, o Bilhete Único permite ao usuário de ônibus fazer até quatro embarques em veículos diferentes no período de 3 horas. A integração do ônibus com o sistema de metrôs e trens não é gratuita: custa R$ 1,65. Se o usuário só utilizar o sistema de trilhos, a integração entre trens e metrô é gratuita. Recentemente teve início o cadastramento de usuários que desejam obter o Bilhete Único Mensal, que permite fazer um número ilimitado de viagens por 31 dias a um custo de R$ 140. Essa operação, vantajosa para quem realiza mais de 45 viagens por mês, tem início previsto para novembro, e não inclui integração com metrôs e trens

Tóquio

Área total: 2.188 km²

População: 13,2 milhões (37 milhões na região metropolitana)

Preço da passagem: US$ 7,16 (uso ilimitado por um dia de metrô e ônibus das linhas Toei) e de US$ 1,63 a US$ 3,07 dependendo da distância percorrida (linhas de metrô)

Linhas de metrô (inaugurado em 1927): 304 km de extensão, 13 linhas (9 da empresa Metro e 4 da empresa Toei) e 290 estações

Número de passageiros do metrô: Média de 8,5 milhões por dia (2011)

Frota de ônibus: 1.462 (2010) em 1.639 pontos de ônibus

Número de passageiros de ônibus: Média de 550 mil por dia (2010)

Características: O trem é o principal sistema de transportes no Japão, e quatro linhas servem Tóquio. A região metropolitana da capital japonesa também tem um amplo sistema de metrô, enquanto os ônibus apenas fazem a ligação entre outras partes da cidade e as estações. A empresa JR East controla os trens em todo o país e duas empresas são responsáveis pelas linhas do metrô de Tóquio: a Tokyo Metro (nove linhas) e a Toei (quatro linhas). Na maior parte dos casos, as tarifas são cobradas de acordo com a distância percorrida. A compra de bilhetes é totalmente automatizada

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Vagão exclusivo para mulheres são introduzidos no metrô de Tóquio (2009)

Xangai

Área total: 6.340 km²

População: 23,4 milhões

Preço da passagem: US$ 0,48 a US$ 1,63, dependendo da distância percorrida

Linhas do metrô (inaugurado em 1995): 439 km de extensão, 12 linhas e 287 estações

Número de passageiros do metrô: 6,7 milhões (2012)

Características: Além do metrô, o ônibus é um importante meio de transporte em Xangai, com mais de 1 mil linhas controladas por dez empresas diferentes. Assim como nas principais cidades da Ásia, o pagamento da passagem do metrô é proporcional à distância percorrida. Na maior parte das linhas, o preço base é US$ 0,48 para viagens de até 6 km, depois cobra-se mais US$ 0,16 a cada 10 km adicionais A passagem mais cara fica em cerca de US$ 1,63

 

IG

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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