28 de março de 2024

SB24HORAS

Notícias na hora certa!

Processo recupera terras raras de lâmpadas fluorescentes

Compartilhe essa notícia!

Pesquisa do Laboratório de Terras Raras do Departamento de Química da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP desenvolveu um processo para recuperar e reciclar terras raras a partir de lâmpadas fluorescentes descartadas. As terras raras formam um grupo de 17 elementos químicos essenciais para a produção, além de lâmpadas, telas de televisores, tablets, smartphones, turbinas de energia eólica, entre outras aplicações na área tecnológica.

Esse processo apresenta uma maneira mais segura, menos poluente e mais eficiente de reciclar as terras raras contidas nas lâmpadas. De acordo com o professor Osvaldo Antonio Serra, coordenador do laboratório que realiza o estudo, entre os tipos de resíduos reciclados, as lâmpadas fluorescentes ganham destaque por conter até 25% em massa de elementos terras raras na constituição do pó fosfórico, dependendo do tipo da lâmpada utilizada.

“A viabilidade econômica da recuperação das terras raras é maior nas lâmpadas compactas, encontradas à venda em supermercados, do que as tubulares que são mais antigas e possuem menos terras raras”, ressalta o pesquisador.

De acordo com o professor Serra, as lâmpadas fluorescentes são coletadas por empresas específicas que realizam a remoção e recuperação do mercúrio metálico, altamente tóxico e nocivo ao meio ambiente. A reciclagem começa a partir do pó fosfórico, livre do mercúrio, submetido a processos físicos e químicos, utilizando resinas de troca iônicas, produtos sintéticos que colocados na água poderão liberar íons sódio ou hidrogênio (resinas catiônicas) ou hidroxila (resinas aniônicas) e captar desta mesma água, respectivamente, cátions e ânions.

“Essas resinas de troca iônica tradicionais, do tipo ácido-forte, são facilmente encontradas e podem realizar inúmeros ciclos de extração das terras raras, garantindo não só a viabilidade técnica, como também econômica do processo. O processo se dá em condições experimentais facilmente escalonáveis a maiores quantidades, adequando-se às necessidades mercadológicas e industriais”, explica Serra.

Terras raras
O pesquisador destaca que no Brasil são consumidas cerca de 300 milhões de lâmpadas fluorescentes por ano. A reciclagem é importante para o meio ambiente e para o fornecimento das terras raras, que tem o mercado concentrado na China, o maior produtor mundial de elementos terras raras.

“Atualmente, a China produz aproximadamente 90% da demanda mundial de elementos terras raras e consome quase 70% desta produção, devido ao domínio das tecnologias de manufatura de produtos finais – como turbinas eólicas, luminóforos, baterias e ímãs, dentre outros. Alegando inúmeras regulamentações e restrições ambientais, a China diminuiu as exportações e chegou a aumentar o preço médio de mais de dez vezes nos últimos anos”, informa Serra.

Ele lembra que os processos atuais para a extração de elementos terras raras ao redor do mundo são muito perigosos para o meio ambiente, pois se baseiam em rotas ácidas ou alcalinas, sendo muito caros para serem executados com sustentabilidade. Assim as tecnologias para obtenção mais adequadas, via extração ou reciclagem, tornaram-se uma prioridade estratégica, já em utilização em países desenvolvidos.

A aplicação de terras raras em sistemas de iluminação tem crescido por causa de suas propriedades luminescentes únicas, segundo o pesquisador. Os elementos químicos poder ser utilizados em materiais como LEDs, displays de plasma, lasers, marcadores ópticos luminescentes em sistemas biológicos (usados em imunologia para diagnósticos clínicos).

Patente
A tecnologia já teve o seu processo de patente realizado pela Agência USP de Inovação, Núcleo de Inovação Tecnológica da USP responsável por gerir a política de inovação da universidade. Dentre as atividades realizadas, estão a proteção da propriedade intelectual, efetuando todos os procedimentos necessários para o registro de patentes, marcas, direitos autorais e software; apoio aos docentes, alunos e funcionários da USP na elaboração de convênios em parceria com empresas.

A Agência USP de Inovação também atua na transferência de tecnologias e trabalha por meio das incubadoras de empresas, parques tecnológicos e de treinamentos específicos a fim de promover o empreendedorismo, oferecendo suporte técnico, gerencial e formação complementar ao empreendedor.

Foto: Divulgação

Agência Brasil

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
Compartilhe essa notícia!