29 de março de 2024

SB24HORAS

Notícias na hora certa!

O lixo não é só meu, ele é nosso

Compartilhe essa notícia!

Por Maurício Brusadin, secretário de Meio Ambiente

 

A criação da Política Nacional de Meio Ambiente foi um importante passo para a melhor gestão dos resíduos sólidos. Mais do que apontar o problema, ela deu direcionamento para que os municípios pudessem buscar, dentro da sua própria realidade, formas sobre como lidar com essa situação.

Até hoje, muitos de nós nos acostumamos a colocar o lixo na porta de nossas casas e dar o assunto como encerrado. A consciência sobre o que é feito com esse lixo, de que forma ele impacta a vida de todos e o que isso representa no futuro das próximas gerações estão entre os muitos questionamentos que começaram a se desenrolar nos últimos anos.

Uma das primeiras coisas que devemos pensar é que o lixo que eu produzo não traz consequências apenas para a minha vida. O problema do lixo não é individual, ele é de toda a sociedade.

Da mesma forma que o lixo que eu produzo não é apenas meu, as cidades estão começando a entender e perceber que o lixo que ela produz não traz transtornos apenas para a sua população. O lixo impacta toda a região onde ele se acumula. Não dá para se imaginar que cada cidade vá criar o seu próprio centro de tratamento para o lixo, assim como também não podemos mais tolerar e conviver com os lixões a céu aberto. O que fazer diante deste dilema?

Os chamados EcoParques – que recebem o lixo, fazem sua separação, tratamento e eventualmente geram receita a partir da produção de Combustíveis Derivados de Resíduos (CDR) – representam investimentos enormes e só são economicamente viáveis se tiverem como receber lixo de várias cidades ao mesmo tempo.

Por isso, na Secretaria de Meio Ambiente, criamos uma área específica para fomento e estímulo de ações em torno de consórcios, aglomerações urbanas e regiões metropolitanas. As cidades precisam unir forças, independente de bandeiras ou partidos políticos, na busca pelo o que é melhor para o seu cidadão. Ao se unirem, os consórcios de cidades conseguem atrair investimentos, reduzir custos, otimizar serviços e, acima de tudo, conseguem oferecer um serviço melhor para os seus cidadãos.

Um famoso ditado árabe diz que “quem planta tâmaras, não colhe tâmaras”. Isso porque as tâmaras levam mais de 80 anos até que possam ser colhidos seus frutos. Esse trabalho de cuidar do meio ambiente, migalha por migalha, pode não ser notado hoje de forma imediata, mas ele com certeza será de grande valia para nossos filhos, nossos netos e todas as futuras gerações.

Saber cuidar do nosso lixo representa uma importante etapa na luta pela melhoria da qualidade de vida. Uma cidade mais limpa tem menos doenças; as pessoas economizam dinheiro porque não gastam com hospitais e remédios; com menos doenças a cidade produz mais e melhor e se tornam cada vez mais atraentes para novas indústrias e investidores, fechando assim um círculo em que todos saem ganhando.

Quando cuidamos da saúde das pessoas, na verdade estamos cuidando também da saúde dos municípios! Ao auxiliar o pequeno e médio município a crescer, ajudamos também na sua luta para reter seus talentos, atrair investimentos, gerar mais empregos e melhorar a qualidade de vida dos seus cidadãos.

Se desejamos construir um sistema moderno para a gestão de resíduos sólidos, precisamos seguir exemplos como o de Piracicaba (SP), onde de todo lixo doméstico coletado, 85% são transformados em combustível ou enviados para reciclagem e apenas 15% são enviados para um aterro de rejeitos.

O EcoParque do futuro, no entanto, não pode olhar apenas para a cidade onde está localizado. Para ser viável economicamente, o EcoParque precisa tratar o lixo de cidades vizinhas, num raio de até 60 quilômetros, com a possibilidade de ainda devolver créditos pela receita obtida na geração de combustíveis do lixo tratado.

Por isso os consórcios de cidades, principalmente aqueles que possuem objetivos específicos, são a melhor solução para a gestão de resíduos sólidos. Apenas em consórcios, e com a entrada de investimentos de grandes empresas, é que cidades pequenas e médias conseguirão viabilizar parcerias bem planejadas e executadas para o setor.

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
Compartilhe essa notícia!