28 de março de 2024

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Maracanã passa no teste, mas Brasil fica no empate: 2 a 2

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Assim como o estádio, o time de Felipão evoluiu. Mas ainda há algum trabalho pela frente até a Copa das Confederações. Jejum contra os grandes continua

 

Brasil e Inglaterra no Maracanã, no Rio de Janeiro

Brasil e Inglaterra no Maracanã, no Rio de Janeiro – Ivan Pacheco

Foi um passo adiante na preparação do time, que fez sua melhor partida desde o retorno de Felipão ao cargo. A expectativa agora é pelo amistoso contra os franceses, que pode confirmar o crescimento da equipe e mostrar novas alternativas, como Lucas e Hernanes entre os titulares

Assim como o Maracanã, a seleção brasileira melhorou, mas ainda precisa corrigir as falhas e encarar novos testes antes da Copa do Mundo de 2014. No primeiro jogo aberto ao público desde a reforma do estádio, neste domingo, no Rio de Janeiro, a equipe do técnico Luiz Felipe Scolari ficou no empate com a Inglaterra: 2 a 2, gols de Fred e Paulinho pelo time da casa e Chamberlain e Rooney pelos visitantes. Com 66.000 pessoas no palco da decisão do Mundial, o Maracanã foi aprovado e deixou uma impressão bastante positiva. Já a seleção mostrou uma nítida evolução em relação aos amistosos anteriores, contra Itália, Rússia e Chile (na goleada sobre a Bolívia, o Brasil foi representado por um time misto). Ainda assim, continou amargando o jejum de vitórias sobre seleções do primeiro escalão do futebol mundial. O Brasil não vence uma equipe campeã do mundo com sua equipe principal desde 2009, quando o técnico ainda era Dunga. Agora, a seleção tem mais uma semana de treinos antes do último amistoso de preparação para a Copa das Confederações, no próximo domingo, em Porto Alegre, contra outra seleção que já foi campeã do mundo: a França. A estreia no torneio será no dia 15, em Brasília, contra o Japão.


Depois de sinalizar, na véspera do amistoso, que a escalação do time titular não teria grandes novidades, Felipão surpreendeu e montou sua equipe com três alterações em relação à formação que quase todos esperavam. Na lateral esquerda, Filipe Luís ocupou a vaga que seria de Marcelo; no meio, Luiz Gustavo apareceu no lugar de Fernando; no ataque, Hulk venceu a disputa com Lucas. Neymar apareceu em campo com a camisa 10 (antes, vestia a 11) – um sinal claro do tamanho das expectativas apoiadas sobre os ombros de seu principal jogador. A Inglaterra, desfalcada do meia Gerrard, levou a campo um time forte, misturando atletas experientes, como Lampard e Rooney, com jovens valores, como Baines, Jones e Walcott. Se no último encontro, em fevereiro, em Wembley, na reestreia de Scolari pela seleção, os ingleses ditaram o ritmo do jogo, neste domingo o Brasil não se intimidou e tomou a iniciativa da partida. Depois de menos de uma semana de treinos, a falta de entrosamento ainda é evidente, mas já há indícios de evolução do grupo. Empurrado por uma torcida animada – coisa rara nos últimos compromissos da seleção no país -, o time de Felipão pareceu mais solto, mais confiante e mais organizado que nos amistosos anteriores.

O mesmo aconteceu com Neymar, pelo menos no início do duelo. Depois de passar os últimos amistosos dividindo os holofotes com Ronaldinho Gaúcho – e mostrando um futebol decepcionante ao lado do veterano -, o novo reforço do Barcelona parece ter entendido o recado de Felipão ao ter recebido a camisa 10. A principal aposta brasileira para a Copa chamou o jogo, pediu a bola e não se escondeu. Com mais liberdade em campo, deixou de se limitar à faixa lateral do gramado e buscou a bola no meio, auxiliando Oscar na armação. Apesar disso, o Brasil custou a criar chances de gol. A primeira delas veio justamente com Neymar, que recebeu lindo lançamento de Daniel Alves e finalizou na pequena área, sem ângulo, aos 17 minutos – o goleiro Hart defendeu. Aos 21 minutos, Neymar quase marca um golaço: ele se livrou da marcação, avançou pelo meio e bateu com efeito, para fora, mas assustando Hart. Aos 27, o craque roubou a bola no meio, avançou pela ponta e lançou Hulk, que quase marcou. E aos 30, Neymar acionou Oscar, que chutou de fora da área e exigiu grande defesa do goleiro inglês. Oscar, jogando quase sempre aberto pelo lado direito, pediu pênalti ao ser vítima de um carrinho na área, aos 33. Hulk, que desagradava à torcida (seus erros de passe motivaram pedidos pela entrada de Lucas) arriscou de letra e quase marcou, no minuto seguinte.

 

Mudanças – A única oportunidade dos ingleses no primeiro tempo veio aos 40 minutos, quando Júlio César espalmou um tiro à queima-roupa de Walcott. Apesar do amplo domínio da partida na primeira etapa, faltou o gol à seleção – que, antes de descer para o vestiário, ouviu novos pedidos pela entrada de Lucas. A avaliação popular, no entanto, foi positiva: depois de ser vaiada em muitas de suas aparições recentes em estádios brasileiros, a equipe nacional ouviu aplausos no intervalo. Na volta para o segundo tempo, a equipe veio com duas alterações, mas Lucas não foi uma das novidades: Marcelo substituiu Filipe Luís e Hernanes entrou no lugar de Luiz Gustavo. Depois de um início de segundo tempo morno, Felipão enfim deu ouvidos ao torcedor e colocou o ex-jogador do São Paulo em campo – mas ouviu apupos do público ao tirar Oscar, e não Hulk. Para sorte do treinador, o Brasil abriu o placar logo em seguida. Aos 12 minutos, Hernanes pegou uma sobra na entrada da área, arriscou por cobertura e acertou o travessão de Hart. No rebote, o matador Fred, que pouco tinha aparecido até então, empurrou para o fundo das redes, anotando o primeiro gol do novo Maracanã e acordando de vez o torcedor. Quem despertou também foi a seleção inglesa. Em desvantagem no marcador, a equipe visitante chegou com perigo em duas oportunidades, com Milner e Rooney. E aos 21 minutos, Oxlade-Chamberlain chutou rasteiro de fora da área e empatou.

O torcedor não desanimou e continou apoiando a seleção – que, agora, sentia falta de Neymar, muito mais apagado do que na primeira etapa. Na metade do segundo tempo, Felipão mudou a formação da equipe, trocando o atacante Hulk pelo volante Fernando. Com a troca, Paulinho e Hernanes ganharam mais liberdade para avançar. Lucas aparecia bem pela ponta direita, mas se se ressentia da ausência de um parceiro para tabelar – Neymar estava muito distante do amigo das seleções de base. O Brasil aumentou a pressão sobre os ingleses, mas foram os visitantes que levaram a melhor: aos 33 minutos, o craque Rooney soltou a bomba de fora da área e acertou o ângulo de Júlio César, decretando a virada do English Team. Com Fred cansado, Leandro Damião entrou no comando do ataque para tentar levar o Brasil ao empate. Mas o segundo gol brasileiro foi de um volante: Paulinho acertou lindo voleio perto da marca do pênalti e deixou tudo igual aos 36 minutos. O jovem Bernard, principal surpresa da lista de convocados para a Copa das Confederações, substituiu o autor do gol logo em seguida. A partida pegou fogo, com o Brasil apertando a Inglaterra. Na base da raça e da vontade, a seleção pressionou até o fim, mas faltaram inspiração e entrosamento para achar espaços na aguerrida defesa inglesa. Foi um passo adiante na preparação do time, que fez sua melhor partida desde o retorno de Felipão ao cargo. A expectativa agora é pelo amistoso contra os franceses, que pode confirmar o crescimento da equipe e mostrar novas alternativas, como Lucas e Hernanes entre os titulares.

Faxina – Não foi só a seleção que mostrou evolução neste domingo. Depois de ter sua segurança colocada em dúvida a poucos dias do amistoso, o Maracanã deixou boa impressão em sua reestreia. Graças a uma operação de guerra para concluir os trabalhos nos dias que precederam a reinauguração, a situação do palco da final da Copa do Mundo de 2014 melhorou consideravelmente. A monumental faxina que eliminou toneladas de entulho e materiais de construção do caminho do público continuava até a manhã deste domingo, tanto dentro da arena como em seu entorno. O Maracanã ainda não está perfeito, e disso todos já sabiam. Mas para alívio do governo do Rio de Janeiro, que bancou a reforma bilionária – e, claro, do contribuinte, que pagou a conta -, não falta muita coisa para que o principal estádio brasileiro corrija suas últimas imperfeições e recupere o status, havia muito perdido, de estádio de primeiro escalão. Os torcedores reclamaram das longas filas nos acessos, motivadas pela demora na passagem pela revista de segurança e por falhas na leitura eletrônica de parte dos ingressos. A tentativa da organização de fazer o público respeitar os lugares marcados não foi totalmente bem-sucedida – parte do público insistia em sentar fora de sua cadeira -, mas a avaliação, no geral, foi positiva. Acredita-se que as duas semanas até o primeiro jogo válido pela Copa das Confederações, entre México e Itália, serão suficientes para concluir os útlimos reparos. Faltará resolver a encrenca do entorno, que ainda receberá muitas obras. Essas intervenções, porém, ficarão prontas só para o Mundial do ano que vem.

 

Fonte: Veja

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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