19 de abril de 2024

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Gerando Vidas: Fertilidade e o Tempo

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Se nós pararmos para pensar, quando lutamos por algo há muito tempo e ainda não conseguimos alcançar nosso objetivo, seja ele qual for, costumamos dizer: “Parece que quanto mais eu tento, mais parece distante”.

Este é o raciocínio que devemos aplicar quando acompanhamos um casal com dificuldade em engravidar.
Podemos usar a biologia e a própria matemática para explicar isso.

A chance de um casal conseguir engravidar logo no primeiro mês de tentativa é de apenas 20%. Porém, se somarmos as tentativas em 1 ano, o casal tem 90% de chance de engravidar. Caso não tenha conseguido, no segundo ano de tentativa a chance anual cai para 50%, no terceiro ano 30%, no quarto ano 15% (menos de 2% ao mês), e assim a fertilidade diminui conforme os anos passam. A chance nunca será zero, mas consideravelmente menor.

Percebam que não estou me referindo à idade da mulher. Quero dizer que mesmo mulheres jovens que tentam há muito tempo também sofrem com a queda da fertilidade. Costumo até brincar na consulta:

“Se você é jovem, e no auge da sua vida reprodutiva não engravida, há um motivo a mais para me preocupar.”

As mulheres com idade avançada (maior que 35 anos) o cenário é mais preocupante, pois biologicamente as chances se tornam ainda menores.

Também não estou me referindo à uma causa de infertilidade específica. Independente da causa, quando o casal tenta há mais de 3 anos costumo dizer que o fator é grave. Pois se fosse apenas um pequeno detalhe, muito provavelmente o casal teria engravidado neste período.

É muito comum ouvir em consultas, casais que procuram ajuda há muito tempo dizerem:

“Não engravidamos há anos, mas os médicos falam que está tudo bem conosco.”

Por isso reforço que apenas podemos dizer que está tudo bem se o casal já engravidou. Caso contrário, o tempo está nos dizendo categoricamente que não está tudo bem.

Outro pequeno/grande detalhe. Consideramos o tempo de tentativas como sendo o período que o casal tem relações sem nenhum método de prevenção. E não apenas o tempo que o casal procura por ajuda. Todos os dias pergunto:

“Há quanto tempo estão tentando?”

A conclusão final é quase sempre maior do que o tempo da resposta inicial do casal. Quando paramos para calcular, o tempo foi mais rápido que a nossa própria impressão.

Sendo assim recomendo, VALORIZE O TEMPO. Pois ele passa e deixa marcas, algumas vezes irreparáveis.

 

Dr. Davi Buttros – Médico Especialista em Reprodução Humana. Formado pela PUC-SP, residência e mestrado pela UNESP-BOTUCATU. Aprimoramento em Reprodução Assistida na Universidade de Harvard-EUA e no Fertility Center Hamburg – Alemanha.

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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