19 de abril de 2024

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Geração Y e o Autoconhecimento

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Quem nasceu em meados de 70 até meados da década de 90 provavelmente está bastante acostumado a serem definidos como a “Geração Y” e, se não bastasse, a ouvir todo tipo de críticas a respeito do comportamento dessa geração. Jovens impacientes buscam ascensão rápida, mudam de emprego com grande facilidade, querem se projetar mesmo sem preparo, “senhores de si” e outras mais.

 

Uma pesquisa da consultoria YCoach com essa geração revelou que uma das características importantes para o ingresso no mercado de trabalho, projeção profissional e a conquista de uma carreira brilhante, ainda tem como principal obstáculo, lidar com as emoções.

 

Segundo o psicólogo Howard Gardner e sua teoria das Inteligências múltiplas, temos sete tipos de Inteligências e todas as pessoas têm um pouco das sete combinados dentro de si. No entanto, cada pessoa tem um delas desenvolvido de modo mais forte e que se sobrepõe às outras. Nesse artigo, duas dessas inteligências será nosso foco: Inteligência Intrapessoal – uma das mais importantes para as conquistas no ambiente organizacional, pelo menos para profissões que exigem a segunda mais requisitada: a Inteligência Interpessoal.

 

Podemos conceituar Inteligência Intrapessoal como a capacidade que um indivíduo possui de se conhecer, isto é, o quanto e como identifica seus sentimentos, suas reações aos fatos da vida e como lida com tudo isso, principalmente as emoções que de alguma forma causam sofrimento e dor.

 

Quando um profissional apresenta pouca capacidade nesse campo, não percebe como reage aos eventos do meio e muito provavelmente estará apresentando comportamentos que não são adequados ao momento. Alguns exemplos são bastante comuns no ambiente de trabalho: não saber ouvir críticas ou levar para o lado pessoal; não concordar ou tentar explicar um feedback negativo (ou construtivo), reclamar por não ser promovido conforme era sua expectativa, ter conhecimento de ascensão de um colega e não concordar, expor uma ideia e não aceitar as opiniões dos colegas e outros que são até rotineiros no trabalho.

 

E a Inteligência Interpessoal, como o próprio nome diz, é a capacidade de estabelecer relacionamentos “entre” as pessoas de maneira adequada. Para isso, é necessário perceber as próprias emoções como as dos demais. A esta última, denominamos “empatia”.

 

Parece que esse termo tem estado em desuso ultimamente. Parece mesmo que a tecnologia tem ocupado um espaço onde as conversas aconteciam pessoalmente e, assim, era possível aprender a “ler” os sinais corporais, as expressões faciais do outro fazendo uma leitura das emoções da outra pessoa. Dessa maneira, a interação acontecia quase que naturalmente e as relações também.

 

Atualmente, até as crianças são educadas com eletrônicos e pouco contato com outras crianças, o que pode ser prejudicial para desenvolver essas inteligências.

 

Roberto Santos, sócio diretor do Ateliê RH, afirma que “é claro que existem exceções, mas a maioria dos Y tem dificuldade de identificar suas próprias emoções e também as dos outros”.

E isso é que muitas vezes dão a eles o apelido de arrogantes e de pouca empatia. Certamente essa deficiência depõe contra o profissional porque “o mundo do trabalho se pauta justamente pela qualidade dos relacionamentos que você trava com os colegas, subordinados e chefes”, comenta Santos.

 

Porém, como todo comportamento que não mais agrega esse também pode ser modificado.

 

Algumas dicas:

 

– Fale sobre seus sentimentos: procure pessoas de sua confiança e de integridade moral para compreender e não julgar esse momento.

 

– Entenda as razões que causam as emoções: procure identificar o porquê de estar sentindo determinadas emoções (raiva, tristeza, medo, etc).

 

– Observe as outras pessoas: olhar atentamente para identificar gestos, expressões faciais procurando compreender os sinais que são transmitidos por essa forma de comunicação.

 

– Ouvir e não somente escutar: nós ouvimos pensando na resposta que queremos dar, e isso tende a causar interpretações diversas de um mesmo assunto. Ouvir o outro e compreender as razoes e a essência do teor da conversa.

 

– E finalmente, um bom profissional da área de comportamento pode ajudar a elevar significativamente essa capacidade, contribuindo assim para o crescimento profissional.

 

Eline Rasera é psicóloga, coach e professora da IBE-FGV, especialista em Desenvolvimento Organizacional e Gestão de Pessoas.

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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