29 de março de 2024

SB24HORAS

Notícias na hora certa!

Estudo revela fatores que aumentam risco de morte por H1N1

Compartilhe essa notícia!

Na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, análises dos pacientes que tiveram influenza A(H1N1)pdm09 em São Paulo durante a epidemia de gripe que aconteceu em 2009 revelam os fatores que levam a um maior risco de morte provocada pela doença. O trabalho da médica sanitarista Ana Freitas Ribeiro aponta que os maiores riscos estão em pessoas com idade entre 18 e 59 anos, com obesidade e imunossupressão, entre outros fatores. Estudo específico com gestantes constatou maior número de perdas fetais e partos prematuros nas mulheres que morreram. A pesquisa ressalta a importância da identificação dos pacientes com maior risco e do tratamento precoce para reduzir a mortalidade e aumentar as chances de cura.

Tratamento antiviral realizado até 72 horas após sintomas foi fator de proteção

A identificação de um novo vírus da gripe (subtipo viral, influenza A(H1N1)pdm09), em abril de 2009 e anúncio do início de uma pandemia de influenza pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em junho do mesmo ano, levaram ao início da pesquisa. Durante o trabalho foram realizados dois estudos caso-controles, em pacientes e em gestantes hospitalizados com influenza A(H1N1) pdm09 confirmada laboratorialmente e Doença Respiratória Aguda Grave (DRAG). “O objetivo era identificar os fatores de risco de morte nos dois grupos”, afirma Ana. “Nas gestantes, foram analisados também os desfechos da gestação e e neonatais, após o nascimento das crianças”.

A médica explica que os “casos” se referem aos pacientes que evoluíram para morte e os “controles” são aqueles que alcançaram a cura. “Ambos os grupos foram selecionados por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN-Influenza-web), organizado pelo Ministério da Saúde”, diz, “sendo sorteados dois controles no estudo dos pacientes, e quatro no das gestantes, pareados por semana epidemiológica da data de internação”.

Durante a pesquisa aconteceram avaliações dos prontuários hospitalares e entrevistas domiciliares, a partir de formulários padronizados, de um total de 812 pacientes. “O primeiro estudo foi realizado nas regiões metropolitanas de São Paulo e de Campinas, de 28 de junho a 29 de agosto de 2009. Foram avaliados 579 pacientes, sendo 193 que morreram e 386 que se recuperaram”, descreve a médica. “Nas gestantes, o estudo incluiu o Estado de São Paulo, de 9 de junho a 1 de dezembro de 2009, com 233 casos analisados, entre os quais houve 48 mortes”.

Risco de morte
No primeiro estudo, foram fatores de risco para morte ter idade entre 18 e 59 anos, doenças crônicas, imunodepressão, obesidade e ter tido atendimento anterior à internação. “O tratamento antiviral, quando administrado nas primeiras 72 horas do início dos sintomas, foi fator de proteção”, destaca Ana.

Em gestantes, foram investigados 48 casos e 185 controles. “Foram fatores de risco para morte ter tido atendimento prévio à internação e estar no terceiro trimestre de gestação. O tratamento antiviral foi fator de proteção, principalmente quando administrado até 72 horas do início dos sintomas”, afirma a médica. Em relação aos desfechos gestacionais, houve maior proporção de perdas fetais e partos prematuros entre as mulheres que morreram. “Elas tiveram recém-nascidos vivos com peso mais baixo e índices inferiores no Apgar do primeiro minuto (medida dos sinais vitais), quando comparado às mulheres que se recuperaram e tiveram parto durante a internação”.

De acordo com Ana, a identificação dos pacientes de maior risco e o tratamento precoce são fatores importantes para a redução das internações e da mortalidade por influenza. “A capacitação dos profissionais de saúde e o acesso aos serviços de saúde são fatores importantes para o adequado manejo clínico dos pacientes com síndrome gripal e condições de risco, bem como pacientes com sinais de agravamento, em especial a utilização precoce do antiviral”, aponta. “Manter boa cobertura durante a Campanha de Vacinação contra Influenza nos grupos prioritários também é fundamental”.

Os grupos prioritários para a vacinação são crianças de seis meses a cinco anos de idade, gestantes, puérperas, trabalhadores da área de saúde, povos indígenas, pessoas com 60 anos ou mais, população privada de liberdade e funcionários do sistema prisional e pessoas portadoras de doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais, como doenças respiratórias, cardíacas crônicas, renais, hepáticas e neurológicas crônicas, diabetes, imunossupressão, trissomias (síndrome de Down), obesidade (grau III) e transplantados. Os resultados da pesquisa são descritos na tese de doutorado “Fatores de Risco para Óbito por Influenza A(H1N1)pdm09, Estado de São Paulo, 2009?, defendida na FSP no último mês de março. O trabalho teve a orientação da professora. Dirce Maria Trevisan Zanetta.

Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Agência USP de Notícias

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
Compartilhe essa notícia!