28 de março de 2024

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Das sapatilhas de balé às luvas de boxe

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Após seis anos cursando balé, atleta pinheirense descobriu sua vocação esportiva na Escola de Boxe do Esporte Clube Pinheiros

 

A trajetória de atividades físicas de Maria Clara Gerazo é inusitada para uma adolescente de 14 anos. Motivada por um pai atleta e uma família ciente dos benefícios do esporte, Clara iniciou sua carreira de esportista aos cinco anos e optou pelo tênis, modalidade amplamente difundida no Esporte Clube Pinheiros (ECP).

Depois do tênis, veio a ginástica artística, do medalhista olímpico pinheirense Arthur Nory. Duas curtas passagens que não entusiasmaram a pequena Clara. A atividade que mais a cativou na infância foi o balé. Foram seis anos de intensa dedicação antes da chegada à Escola de Boxe, há dois anos.

“Não consegui me achar no tênis nem na ginástica artística. O balé me motivou um pouco mais, cheguei até a sapatilha de ponta, um dos últimos estágios da fase de preparação, mas era muito sacrifício para uma atividade que eu não gostava tanto assim”, recorda-se Clara.

O que contribui para a jovem frequentar a Escola de Boxe, pelo menos três vezes por semana e treinar por no mínimo duas horas, é a presença de seus pais, Fernando, que foi nadador do clube, e Silvia. O trio calça as luvas e parte para os golpes sob orientação do técnico e coordenador de boxe do Pinheiros, Messias Gomes.

“Antes mesmo da inauguração da Escola de Boxe eu ficava vendo meu pai treinar em outros espaços do clube e queria fazer o mesmo, mas não podia porque não tinha idade. Chegávamos em casa e ficávamos brincando de lutar”, conta a jovem pugilista, ansiosa pela estreia das mulheres, prevista para 2019, na Forja dos Campeões, torneio da Federação Paulista de Boxe exclusivo para iniciantes.

“Neste ano eu assisti à Forja em todas as noites e ficava imaginando que eu estava em cima do ringue”, relata Clara sobre o tradicional torneio que pela primeira teve sede no Pinheiros, que receberá também a próxima edição em janeiro de 2019, com a inédita inclusão da categoria feminina.

Sparring tamanho GG – Além dos treinos no Pinheiros com poucas meninas e com homens, que naturalmente precisam dar uma “aliviada” para igualar as forças, Clara teve experiências “para valer” com pugilistas femininas no Centro Olímpico do Ibirapuera (COTP). “Lutei com sparings experientes. A primeira delas era muito mais alta do que eu. Antes de subir (no ringue) eu até que estava tranquila, mas depois que vi a grossura do braço da menina, eu pensei: meu Deus! Apanhei um pouco, mas foi legal”, conforma-se a pinheirense com seu jeito meigo, mas decidida a soltar os punhos quando coloca as luvas.

Em busca do equilíbrio e da qualidade de vida além da condição física, Clara demonstra maturidade acima dos padrões de sua idade quando aborda outros aspectos do boxe. “Para mim é também a melhor terapia. Quando estou com um problema em casa ou na escola, venho treinar e a cabeça esfria na hora. Sai tudo de ruim de dentro dela e fica mais fácil encontrar uma solução”.

Outro fator que Clara atribui ao seu entusiasmo pelo boxe, é a dedicação dos treinadores Jaime e Messias, que além das orientações técnicas, mantêm os jovens pugilistas com o moral elevado. “É um excelente esporte também para as mulheres. O boxe não é violento. As pessoas é que são violentas. A versão feminina da Forja dos Campeões será uma oportunidade única para as estreantes, o que vai atrair mais meninas para o boxe”, espera Messias.

Entre socos e beijos – Embora, na visão de alguns pais, o boxe não aparente ser o esporte ideal para suas filhas, o pai de Clara não hesitou em apoiá-la. “Acho muito legal quando uma criança quer se dedicar a uma atividade. Eu sempre incentivei. Tentamos também os esportes com bola, mas ela se enrolava toda. Era uma confusão. Então apareceu o boxe e se encaixou perfeitamente com ela. Era isso o que eu queria. E ainda treinamos em família”, comemora Fernando com o sentimento de pai realizado.

Motivada pelo marido e pela filha, a mãe de Clara também ingressou na Escola de Boxe há dois meses. “Eu fazia body pumping no Pinheiros, mas o boxe é muito mais animado. Trabalho como advogada em um banco e aqui, durante os treinos, transfiro o estresse para os sacos (punching ball) na hora de socá-los”, avalia Silvia.

Clara está cursando o último ano do ensino fundamental e, profissionalmente, pretende se tornar dentista. “Mesmo que eu não siga em frente com o boxe, quero que seja o esporte da minha vida. Muita gente faz ideia errada, dizendo que esse esporte é violento, mas não é verdade. É uma atividade muito técnica. Quero trazer mais meninas. Eu amo o boxe”.

 

Fotos: Fernando Gerazo / ECP 

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(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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