23 de abril de 2024

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Comércio é o único setor que apresenta saldo positivo de contratações e indústria continua com grande volume de demissões

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Informações da PNAD contínua do IBGE, entretanto, indicam melhora mercado de trabalho com queda na taxa de desocupados, mostra Boletim do Ceper/Fundace

 

Com base nos dados de novembro de 2017 do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), o Boletim Mercado de Trabalho de Janeiro de 2018 do Ceper/Fundace mostra que houve destruição de vagas em âmbito nacional, no estado de São Paulo, na Região Administrativa de Ribeirão Preto e nos municípios de Franca e São José do Rio Preto.

Por outro lado, somente os municípios de Ribeirão Preto, Sertãozinho e Campinas apresentaram criação líquida de vagas. Todas as regiões analisadas pelo Ceper apresentaram desempenho favorável no acumulado dos últimos doze meses (de dezembro de 2016 a novembro de 2017) em comparação com o resultado dos doze meses imediatamente anteriores (de dezembro de 2015 a novembro de 2016), embora o acumulado do último período ainda se mantenha com saldo de demissões líquidas, com exceção do município de São José do Rio Preto.

Entre os setores analisados, somente o Comércio apresentou saldo positivo, sendo o Comércio Varejista de Artigos do Vestuário e Acessórios o segmento com melhor desempenho. Segundo o IBGE, o volume de vendas em novembro de 2017 apresentou aumento de 0,7% em relação a outubro, que se deveu às diversas promoções no setor que acabaram impulsionando as vendas. “Este fator, associado à proximidade das datas comemorativas de final de ano, pode ter contribuído para o aumento de vagas no Comércio, com a criação de 68.602 vagas líquidas”, explica o pesquisador do Ceper Sergio Sakurai.

Conforme a análise dos pesquisadores do Ceper, após mais de um semestre consecutivo de criação líquida de vagas, em novembro de 2017 foi registrada a destruição de vagas assim como ocorrido em novembro de 2016, porém em proporção significativamente menor. Em nível nacional, foram destruídos 12.292 postos líquidos de trabalho, saldo negativo não registrado desde março de 2017, quando a destruição foi ainda mais intensa, com 63.624 demissões líquidas

Com exceção do Comércio, todos os setores analisados registraram destruição líquida de vagas. A Indústria continua a apresentar o maior volume de demissões, como mostra o Boletim Mercado de Trabalho: foram 30.975 postos líquidos em novembro do ano passado.

Os segmentos de pior desempenho foram a Fabricação de Açúcar em Bruto e a Fabricação de álcool, que juntos foram responsáveis por pela destruição de 18.075 vagas líquidas. No acumulado em doze meses (entre dezembro de 2016 e novembro de 2017), observa-se um valor negativo de 249.425 demissões líquidas. “Apesar de negativo, nota-se uma queda significativa comparativamente ao acumulado nos doze meses imediatamente anteriores, resultante de uma melhora (menores demissões líquidas ou reversão de demissões para admissões líquidas) em todos os setores”, avalia Sakurai.

Estado de São Paulo – O estado de São Paulo registrou 17.611 demissões líquidas em novembro de 2017, montante que representa uma reversão negativa do cenário de contratações exibido no mês anterior, quando foram criados 11.349 postos. Entre os setores, somente o Comércio criou postos líquidos de trabalho. A indústria foi o que mais demitiu. A exemplo do cenário nacional, entre dezembro de 2016 e novembro de 2017, o acumulado se manteve negativo, com 66.923 demissões, porém consideravelmente inferior às 455.602 demissões líquidas registradas nos doze meses imediatamente anteriores.

Região – A Região Administrativa de Ribeirão Preto (RARP) registrou a destruição líquida de 1.449 vagas líquidas em novembro de 2017, resultado desfavorável se comparado ao mês anterior, que apresentou o saldo positivo de 362 vagas. Apenas os setores da Indústria e Agropecuária apresentaram demissões líquidas. O comércio foi o setor que mais contratou, tendo criado 431 vagas líquidas. O acumulado em doze meses se manteve negativo, porém em montante inferior em comparação ao mês imediatamente anterior e em comparação ao acumulado nos doze meses imediatamente anteriores, que registrou 8.986 demissões líquidas.

Ribeirão Preto – Ribeirão Preto registrou a criação líquida de 455 postos de trabalho em novembro de 2017. Este montante, apesar de positivo, é inferior aos 756 postos criados no mês imediatamente anterior. Somente os setores de Serviços e Comércio apresentaram saldo positivo. O setor da Construção Civil, por outro lado, apresentou o maior número de demissões, sendo o segmento de Construção de Edifícios responsável pelo fechamento de 54 postos líquidos de trabalho. O acumulado em doze meses se manteve negativo, com 579 demissões líquidas, porém com um montante inferior às 4.124 demissões líquidas registradas nos doze meses imediatamente anteriores.

Sertãozinho – Sertãozinho registrou a abertura de 582 vagas líquidas em novembro de 2017, montante superior às 422 vagas líquidas criadas em novembro de 2016. Ao contrário dos demais cenários, o setor da Indústria foi o que mais contratou (376 vagas líquidas) e o setor de Serviços foi o único que demitiu, registrando 47 vagas líquidas destruídas. O saldo acumulado entre dezembro de 2016 e novembro de 2017 se manteve negativo, registrando 790 demissões líquidas, porém em montante inferior às 1.470 demissões líquidas.

Franca – O município de Franca encerrou novembro com o fechamento de 1.293 vagas líquidas, montante inferior às 1.414 demissões que ocorreram em novembro de 2016. Apenas o Comércio e a Agropecuária apresentaram contratações. A Indústria fechou 1.271 postos líquidos. O acumulado em doze meses se manteve negativo, com 496 demissões líquidas, mas em montante inferior às 2.170 demissões líquidas registradas nos doze meses imediatamente anteriores.

Campinas – Campinas encerrou o mês de novembro com a criação de 191 vagas líquidas, montante superior comparado às 99 contratações em novembro de 2016. O Comércio foi o setor que mais contratou, seguido pelo da Agropecuária. O setor de Serviços foi o que mais demitiu, sendo o segmento de Atividades de Vigilância e Segurança Privada responsável pelo fechamento de 219 vagas líquidas. O saldo acumulado entre dezembro de 2016 e novembro de 2017 (2.649 demissões líquidas) indica retração significativa do volume de demissões quando comparado ao acumulado entre dezembro de 2015 e novembro de 2016 (16.792 demissões líquidas).

J. do Rio Preto – O município de São José do Rio Preto registrou 191 demissões líquidas em novembro de 2017. Contudo, este montante negativo é inferior às 265 vagas que foram destruídas em novembro de 2016. O setor de Serviços foi o que mais contratou, com a criação de 98 vagas líquidas, e o setor da Construção Civil foi o que mais destruiu vagas. O saldo acumulado entre dezembro de 2016 e novembro de 2017 registrou criação líquida de 1.293 vagas, reversão positiva do saldo de destruição de quase seis mil vagas contabilizado entre dezembro de 2015 e novembro de 2016.

Análise – Apesar de novembro de 2017 ter registrado saldo negativo na criação de vagas, o que não acontecia desde o mês de março do mesmo ano – quando a destruição foi ainda mais intensa, com 63.624 demissões líquidas –, as informações disponibilizadas pela PNAD contínua do IBGE para o trimestre móvel de setembro a novembro de 2017 indicam uma melhora no mercado de trabalho, refletida em uma taxa de desocupação estimada em 12%, o que representa uma queda de 0,6 pontos percentuais frente ao trimestre móvel anterior (entre Junho e Agosto de 2017), quando essa taxa atingiu o patamar de 12,6%.

“As seguidas quedas na taxa de desocupação trimestral fazem com que no atual trimestre móvel ela se aproxime do patamar do mesmo trimestre de 2016 (entre setembro a novembro de 2016), quando foi estimada em 11,9%. Tal aproximação não ocorre desde o trimestre móvel de setembro a novembro de 2014, quando a taxa esteve em 6,5%, a mesma desse mesmo trimestre para 2013”, explica o pesquisador do Ceper Sergio Sakurai.

O número de pessoas desocupadas entre setembro e novembro de 2017, de acordo com o IBGE, foi estimado em um contingente de 12,6 milhões, uma diminuição de 543 mil pessoas na condição de desocupados frente ao valor apresentado no trimestre móvel anterior, quando essa cifra atingiu 13,1 milhões de pessoas. Quando comparado com o mesmo trimestre do ano anterior, quando o número de desocupados foi estimado em 12,1 milhões de pessoas, houve um incremento de 439 mil desocupados na força de trabalho, o que representa um crescimento de 3,6%.

Já o rendimento real habitual médio recebido pelas pessoas ocupadas entre setembro e novembro de 2017 fechou com a cifra de R$ 2.142,00, valor estável comparado aos R$ 2.022,00 recebidos no trimestre anterior, e aos R$ 2.087,00 do mesmo trimestre de 2016. Na comparação com o trimestre anterior o rendimento manteve-se estável para quase todos os agrupamentos de atividade, com exceção do agrupamento Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas, com elevação do valor habitualmente recebido no mês de R$ 121 (ou 4%).

Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, mais uma vez somente o agrupamento Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura apresentou elevação na renda média de R$56 (ou 4,8%). A análise por grupo de atividades revela que, em comparação com o trimestre móvel anterior, os setores que se destacaram positivamente foram o Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas e Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas, com saldo positivo de 223 mil pessoas e 219 mil pessoas, respectivamente. A maioria dos demais segmentos não apresentou variação estatisticamente significativa no emprego para esse mesmo tipo de comparação.

Quando comparado com igual trimestre de 2016, o destaque negativo segue sendo o agrupamento Agricultura, Pecuária, Produção Florestal, Pesca e Aquicultura, com redução de 4,3% (ou 380 mil pessoas). Em contraposição a esse setor, os melhores desempenhos vieram dos agrupamentos Alojamento e Alimentação e Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas, com um crescimento de 9,2% (ou 439 mil pessoas) e 5,3% (ou 512 mil pessoas), respectivamente.

O Boletim Mercado de Trabalho – JANEIRO 2018 completo está disponível no site da Fundace no endereço: www.fundace.org.br/_up_ceper_boletim/ceper_201801_00337.pdf.

Ceper – O Centro de Pesquisa em Economia Regional foi criado em 2012 e tem como objetivo desenvolver análises regionais sobre o desempenho econômico e administrativo regional do País. Sua criação reúne a experiência de diversos pesquisadores da FEA-RP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto) da Universidade de São Paulo em pesquisas relacionadas ao Desenvolvimento Econômico e Social em nível regional, a análise de Conjuntura Econômica, Financeira e Administrativa de municípios e Gestão de Organizações municipais, entre outros. A iniciativa de criação do Centro foi dos pesquisadores Rudinei Toneto Junior, Sérgio Sakurai, Luciano Nakabashi e André Lucirton Costa, todos da FEA-RP/USP. Os Boletins Ceper têm o apoio do Banco Ribeirão Preto, Stéfani Nogueira Incorporação e Construção, São Francisco Clínicas, Citröen Independance, Ribeirão Diesel e CM Agropecuária e Participações.

Fundace – A Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia (Fundace) é uma instituição privada sem fins lucrativos criada em 1995 para facilitar o processo de integração entre a FEA-RP e a comunidade. Oferece cursos de pós-graduação (MBA) e extensão em diversas áreas. Também realiza projetos de pesquisa in company além do levantamento de indicadores econômicos e sociais nacionais regionais.

 

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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