28 de março de 2024

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Cientistas descrevem quatro novas espécies de caranguejos

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Quatro novas espécies de caranguejos foram descritas por cientistas do Museu de Zoologia (MZ) da USP. Os crustáceos pertencem à família Pseudothelphusidae, que habita ambientes terrestres próximos a rios e riachos. “Estes caranguejos têm ampla distribuição desde regiões do México até o Peru, bem como áreas montanhosas da Colômbia. Trata-se de uma família neotropical que ainda é pouco estudada”, afirma o biólogo Manuel Enrique Pedraza Mendoza, que descreveu as espécies.

Sob a orientação do professor Marcos Tavares, do MZ, Mendoza está prestes a concluir seu doutorado no Museu e as descrições morfológicas dos caranguejos farão parte de sua pesquisa. As quatro novas espécies descritas são: Kingsleya castrensis, Kingsleya celioi, Microthelphusa furcifer e Brasiliotelphusa n. sp.

De acordo com o biólogo, o gênero Brasiliotelphusa é um grupo exclusivamente brasileiro e a descrição de uma nova espécie deste gênero fará parte de sua tese de doutorado. “O crustáceo foi encontrado na cidade de Apiacás, no estado do Mato Grosso”, afirma Pedraza. As espécies Kingsleya castrensisKingsleya celioi foram encontradas no estado do Pará. Esta última, como informa Pedraza, tem o nome celioi em homenagem ao professor Célio Magalhães, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), que é um dos precursores nos estudos deste grupo de caranguejos no Brasil. A primeira, Kingsleya castrensis,foi encontrada em Altamira e a segunda – que também será publicada sua descrição em breve – em Paraopebas. A Microthelphusa furcifer foi localizada na Guiana e a publicação da descrição ocorreu no ano passado. “O professor Marcos Tavares é coautor deste trabalho”, conta o biólogo.

Kingsleya celioi é a menor das novas espécies, com uma carapaça de apenas entre 3 cm e 3,5 cm

Semelhanças
Aparentemente, para um leigo, não há como identificar diferenças entre as espécies. A não ser pelos tamanhos distintos. Dentre as quatro novas espécies, os caranguejos Kingsleya castrensis são os maiores, com sua carapaça medindo cerca de 6 centímetro (cm) a 7 (cm). A espécie Kingsleya celioi é a menor delas, com uma carapaça de apenas entre 3 cm e 3,5 cm.

Os cientistas identificam as diferenças entre as espécies analisando os machos da espécie. “O gonópodo é o apêndice sexual masculino do caranguejo. E somente por este órgão é que se pode identificar as diferenças. Ou seja, somente no macho da espécie é possível descrever as características de uma espécie analisando sua morfologia”, descreve Pedraza.

Assim, o biólogo estuda a morfologia dos crustáceos, a taxonomia e as relações evolutivas das espécies (filogenia). “Aliás, um dos objetivos principais é o estudo evolutivo destes crustáceos”, destaca. Ele conta que alguns destes crustáceos são consumidos por indígenas e são importantes no ambiente aquático, por serem também alimentos de outros animais, como tartarugas, cobras e peixes.

As espécies estudadas pelo biólogo foram capturadas e trazidas a Pedraza por pesquisadores do próprio MZ que estudam peixes e outros animais daquela mesma região.

O cientista lembra ainda que, na mesma família Pseudothelphusidae já se conhecem relatos de que os crustáceos são vetores secundários de um verme do gênero Paragominus, causador da paragonimíase, espécie de infecção pulmonar semelhante à tuberculose.

Fotos: Marcos Santos

Agência USP de Notícias

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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