28 de março de 2024

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Butantan alerta para o risco e efeitos de acidentes com taturanas

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Mais comuns em climas quentes, as lagartas do gênero Lonomia causaram quase 4 mil acidentes em 2016. 

 

O Instituto Butantan alerta para os perigos do contato de pessoas com os “espinhos” envenenados de taturanas (ou lagartas) do gênero Lonomia, que em 2016 foram responsáveis por 3.813 acidentes no país, de acordo com o Ministério da Saúde.

O acidente é relativamente benigno e a grande maioria das lagartas provocam dor e queimação, com inchaço e vermelhidão no local do contato. Porém, o acidente com a lagarta Lonomia pode causar uma síndrome hemorrágica, com sangramento na gengiva e na urina, até complicações graves como a insuficiência renal aguda, evoluindo a óbito na falta da terapia correta.

Atualmente, o tratamento disponível para reverter os efeitos do envenenamento é a utilização do soro antilonômico produzido pelo Instituto Butantan, único produtor do medicamento no mundo. O soro é obtido a partir do próprio veneno da Lonomia, em um processo no qual animais são imunizados com antígenos específicos e preparados com a toxina da lagarta.

“Na medida em que divulgamos a existência dessas lagartas, principalmente em locais que antes não eram registradas, consequentemente se estabelecem ações de prevenção, divulgação do que pode acontecer se alguém se acidentar e orientações de como realizar o atendimento médico”, explica a médica Fan Hui Wen, Gestora de Projetos do Núcleo Estratégico de Venenos e Antivenenos do Instituto Butantan.

Para manter a disponibilidade do medicamento, o Instituto Butantan recebe a cada ano uma quantidade suficiente dessas lagartas por meio de parcerias com secretarias de saúde da Região do Sul do país, geralmente entre os meses de dezembro e fevereiro. “Existe uma cadeia de participação para a produção do soro que envolve a população, órgãos de saúde e o Instituto Butantan. Tudo isso para viabilizar o soro”, explica Fan.

Características da espécie

Lonomia é um inseto em fase larval que possui quatro estágios de desenvolvimento – ovo, lagarta, pupa e mariposa – frequentemente encontrada nos períodos de calor e chuva em troncos de árvores, camufladas e agrupadas em colônias. Somente na fase de larval a lagarta possui cerdas “espinhudas” que contêm um veneno que, em contato com a pele, causa “queimaduras”, dor local e sangramentos.

Os acidentes com Lonomia nem sempre causam envenenamento e a gravidade do caso depende da quantidade de lagartas que a pessoa tocou e o quanto de veneno foi inoculado a partir do contato, se foi um contato leve ou se houve pressão sobre as cerdas.

O encontro da lagarta com o homem deve-se provavelmente ao desmatamento e é facilitado pela existência de moradias próximas a ilhas de mata nativa, inclusive no meio urbano. Em São Paulo o Butantan já foi notificado de acidentes nas regiões do Morumbi, zona Oeste, na Serra da Cantareira, que fica na zona Norte da capital e próximo à represa de Guarapiranga, na zona Sul.

Com registros de acidente no Brasil desde os anos 1980, a Lonomia é mais comum em algumas porções da região Sul do país, sendo também registrados casos  na região Norte, conforme relatam pesquisadores do Butantan e da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado, de Manaus (AM) no artigo “Severe Hemorrhagic Syndrome After Lonomia Caterpillar Envenomation in the Western Brazilian Amazon: How Many More Cases Are There?”, publicado na revista Wilderness & Environmental Medicine (WEM), da Wilderness Medical Society.

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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