28 de março de 2024

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Alergia ao leite: quando a proteína do leite é a inimiga

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Foto: Felix Wirth/Corbis

A estudante Carla Fabieny Brito, de 28 anos, ficava muito tempo doente e não conseguia entender o porquê. Gripe, sinusite, dor no estômago e gastrite eram constantes. “Todas as inflamações que eu podia ter eu tive”, ressalta Carla. Desconfiada que a sua imunidade não estivesse normal, Carla então pediu a sua médica que fizesse todos os exames necessários. Faz cinco meses que a estudante descobriu que tem alergia à proteína do leite.

“A orientação médica foi a de cortar o leite completamente. Não posso consumir nada, meu nível de alergia é bem alto. Melhorei bastante, desde então não fiquei mais doente e não tive mais infecção”, relata Carla Brito. A alergia ocorre quando os anticorpos identificam a proteína do leite como um corpo estranho, o que desencadeia uma série de reações alérgicas por todo o corpo, explica Serly Francine Mergulhão Casella, médica da Unidade Básica de Saúde (UBS) 317 de Samambaia, no Distrito Federal. A alergia é diferente da intolerância à lactose.

A alergia ao leite geralmente se manifesta quando a pessoa ainda é criança. Mas casos como a de Carla Brito não são improváveis, apenas de mais raros. Juliana Marchiori Praça Valente é pediatra e têm dois filhos pequenos, um de três meses e uma de 1 ano e 8 meses. Os dois sofrem com a alergia ao leite, o que a fez se especializar em gastro-pediatria. Ela mesma teve alergia ao leite quando era criança. “A predisposição à alergia ao leite é hereditária. Tive alergia quando era criança. Minha predisposição passou para eles”, comenta.

Juliana explica que sua alergia acabou quando deixou de ser criança. “A grande maioria ganha tolerância ao leite depois que cresce. Como se o sistema imunológico aprendesse a tolerar aquela proteína”, explica a pediatra. Ela conta que pesquisas recentes identificam que de 5% a 8% dos bebes têm alergia ao leite e 0,5% a 1% dos adultos desenvolvem essa alergia.

Existem inúmeros sintomas que podem indicar a alergia ao leite. Desde sintomas respiratórios, como ataques de asma, até infecções no ouvido, sangue ou muco nas fezes, diarreia e refluxo. “A primeira coisa é falar com um médico. Caso o pediatra não tenha experiência com alergias, então se deve procurar um alergista ou um gastro-pediatra”, sugere Juliana Marchiori.

O acompanhamento de um especialista é fundamental porque algumas alergias são mais perigosas e podem reagir com o simples cheiro do leite, como quando é fervido ou até mesmo no contato com cremes ou cosméticos que contenham a proteína. “A alergia tem diferentes graus de sensibilidade. E é o especialista que irá dizer o que precisa de cuidado e o que não precisa em cada caso”, argumenta a pediatra.

Carla Fabieny Brito, que desenvolveu a alergia depois de adulta, relata a dificuldade em alterar o cardápio e mudar os hábitos. “Consumia muito leite e muito queijo. No começo passava fome. Quase tudo tem leite e não sabemos, por isso evitava comer. Perdi muitos quilos. Também não costumo mais comer na rua porque quem serve às vezes não sabe informar se o alimento contém leite”, narra Carla.

Importante lembrar que o leite materno não gera alergia nos bebês. A alergia é devido ao leite consumido pelas mães que amamentam. Portanto, ao constatar alergia na criança, a mãe deve suspender todo o leite e seus derivados da alimentação e não oferecer complemento de leite ao bebê. “Em alguns casos é preciso substituir o leite materno pelo complemento de leite, mas isso pode desencadear a alergia na criança”, explica Juliana.
Lucas Pordeus Leon / Blog da Saúde

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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