28 de março de 2024

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A Páscoa e o impacto negativo no bolso do brasileiro

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Economista da IBE-FGV fala sobre o aumento no preço dos ovos de Páscoa, indústria chocolateira em tempos de crise e o fraco desempenho da data em 2015

 

Com a grave situação na economia do país, muitos produtos sofreram um grande aumento no preço. Outro agravante fez com que os valores disparassem: a alta do dólar. Comemorada neste domingo, 5 de abril, os itens mais comuns da Páscoa, como, ovos de chocolate, bacalhau e azeite, também sofreram reajustes ocasionados pela crise e estão impactando negativamente o bolso do consumidor.

A Páscoa é a sexta data comemorativa mais importante para o varejo, só perdendo em volume de vendas para o Natal, o Dia das Mães, o Dia dos Pais, o Dia das Crianças e o Dia dos Namorados. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a Páscoa deverá movimentar R$ 2,60 bilhões este ano em todo o Brasil. Os números representam a primeira queda em 11 anos se comparadas com os resultados até o ano passado.

Segundo uma pesquisa publicada em meados de março pelo departamento de economia da ABRAS (Associação Brasileira de Supermercados), para a maioria dos supermercadistas, a data deverá registrar queda ou manutenção no volume de vendas em relação ao último ano.

A projeção aponta um recuo de 0,5% em relação à Semana Santa de 2014. No ano passado, as vendas cresceram 3% em relação às de 2013, já descontada a inflação. Desde 2004, quando o faturamento real apontado foi 4,8% menor que o do ano anterior, a Páscoa não apresentava queda.

Para o professor de Economia da IBE-FGV, Paulo Ferreira, além desses fatores, outros aspectos fizeram com que esses itens assustassem o consumidor na hora da compra. “Em 2014 não havia o efeito do desemprego, tivemos aumento nesse índice e neste ano o número de desempregados é grande”, ressalta.

Outro aspecto a ser considerado é a quantidade de cacau consumida no país. Em 2014, o aumento no consumo do produto fez com que especialistas afirmassem que a matéria-prima poderia acabar em alguns anos, pois os produtores não conseguem mais produzir a quantidade de cacau consumida pela população.

O Brasil é o terceiro maior consumidor de produtos de chocolates em todo o mundo. O consumo per capita é de 2,8 kg/ano. Considerando a demanda maior que a oferta do produto, os preços tendem a subir. É o que revela a ABICAB (Associação Brasileira da Indústria de chocolates, cacau, amendoim, balas e derivados).

“Não só o consumidor sentiu o impacto da crise, a indústria chocolateira também. Essa situação interferiu na produção e importação dos produtos. Muitos empresários tentaram segurar os repasses, mas acabaram passando o reajuste para o consumidor final. A expectativa econômica é de ajustes nas contas públicas, menos gastos do governo, ajuste fiscal, inflação e juros altos”, diz o professor.

De acordo com dados mais recentes do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), os bens e serviços mais demandados durante a Semana Santa acumularam alta de 9,1% nos 12 meses encerrados em março de 2015, destacando-se o aumento nos preços de chocolates (+10,9%) e pescados (9,3%). “O dia das mães pode repetir o fraco desempenho da Páscoa, talvez menos, pelo significado da data”, é o alerta do economista, Paulo Ferreira.

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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